Cenário Político
Deputada tem mandato cassado após pagar harmonização facial com dinheiro público
TRE do Amapá cassa mandato de Silvia Waiãpi por desvio de verba eleitoral para pagar harmonização facial. Deputada pode recorrer.
A deputada federal Silvia Waiãpi (PL) teve seu mandato cassado na última quarta-feira (19) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá, após a rejeição de suas contas de campanha. Ela foi acusada de desviar recursos públicos destinados às eleições de 2022 para custear um procedimento estético.
Segundo a acusação, Waiãpi contratou uma empresa de marketing digital, cerimonial e produção de vídeos por R$ 39.454,70. Porém, apenas R$ 20 mil foram efetivamente utilizados para os serviços contratados. O restante, R$ 19.454,70, teria sido desviado para outras despesas, incluindo R$ 9 mil para um procedimento de harmonização facial. A deputada ainda pode recorrer da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em nota, a assessoria de Waiãpi afirmou que ela soube da decisão pela imprensa e alegou que suas contas já haviam sido aprovadas pelo tribunal. “É estranho que a deputada não tenha sido intimada, tampouco seus advogados,” dizia a nota. “Agora, cabe aos advogados tomarem ciência do que foi julgado e adotarem as medidas cabíveis.”
Silvia Waiãpi é indígena do Amapá. Já esteve em situação de rua, foi mãe adolescente, poetisa e atriz na TV Globo, onde interpretou a indígena Crocoká na novela “Uga Uga” em 2000. Após uma agressão no Rio de Janeiro, Silvia começou a correr para evitar violência e se tornou atleta do Vasco da Gama. Desde 2011, integra o Exército e participou da equipe de transição de Jair Bolsonaro (PL) em 2018, atuando como secretária de Saúde Indígena.
Nas eleições de 2022, Waiãpi foi a deputada federal eleita com a menor votação do Brasil, obtendo 5.435 votos. Durante sua campanha, recebeu apoio de figuras ideológicas do bolsonarismo, como Eduardo Bolsonaro, Damares Alves e Carla Zambelli. Na Câmara, criticou entidades de proteção aos indígenas e votou a favor do marco temporal, um projeto que, segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guanabara, configura um “genocídio legislado”. Além disso, Waiãpi foi acusada de transfobia em uma fala na Comissão da Amazônia e dos Povos Originários e Tradicionais, ao criticar a autodeclaração de identidade de gênero entre indígenas.
A deputada também enfrenta um inquérito por suspeita de incentivar os ataques golpistas de 8 de janeiro.
Foto: Agência Câmara
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