A ONG de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) divulgou nesta quinta (19) um relatório em que afirma ter identificado 176 contas que foram bloqueadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) . O número inclui apenas aquelas contas que foram checadas. A HRW acredita que o número total de bloqueios é muito maior.
A grande maioria das contas bloqueadas estava no Twitter. Entre aqueles que estão impedidos de ler as mensagens do presidente estão jornalistas e congressistas. Uma das contas que foram bloqueadas pelo perfil oficial de Bolsonaro é a de O Antagonista .
A ação provavelmente ocorreu no mesmo dia em que foi divulgada uma entrevista exclusiva com os irmãos Miranda sobre o caso da vacina indiana Covaxin.
O problema de Bolsonaro fazer isso é que o presidente usa essas contas como um meio de comunicação pública, anunciando políticas e enviando mensagens para líderes nacionais e estrangeiros.
“Bolsonaro está tentando eliminar de suas contas pessoas e instituições que dele discordam para transformá-las em espaços onde apenas aplausos são permitidos” , disse Maria Laura Canineu, diretora da Human Rights Watch no Brasil, no relatório.
O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump (na foto, com Bolsonaro) tinha um comportamento parecido. Após diversas reclamações, uma decisão do tribunal de apelação de Nova York, de julho de 2019, considerou que o presidente americano, Donald Trump, não poderia bloquear seguidores no Twitter.
” A Primeira Emenda da Constituição não permite que um funcionário público que utilize as redes sociais para todos os propósitos oficiais exclua pessoas de um diálogo online aberto porque elas expressaram pontos de vista com os quais ele discorda” , escreveu o juiz Barrington na sentença.
Apesar de Trump ter criado sua conta na rede social em 2009, muito antes de se tornar presidente, o juiz entendeu que o seu uso não era privado, mas público. Textos e imagens mostravam o presidente em atos oficiais, assinando decretos, recebendo diplomatas e proferindo discursos na Casa Branca.