VÍDEO: Homens são torturados após furto de picanha em supermercado

A Corregedoria da Brigada Militar iniciou uma apuração para investigar a participação de policiais militares no caso de tortura de dois homens suspeitos de tentar furtar pacotes de picanha de um supermercado em Porto Alegre. Segundo a Polícia Civil, uma das vítimas chegou a ficar em coma.

O caso aconteceu no dia 12 de outubro, em um supermercado de Canoas, conforme a polícia, a dupla teria furtado dois pacotes de picanha, com custo de R$ 100 cada, quando foi flagrada por um segurança. 

Conforme o vídeo, após sem flagrados, os dois passaram por uma sessão de tortura sendo agredidos por 45 minutos. A apuração havia identificado dois dos responsáveis pelas agressões, que seriam seguranças. No total, sete pessoas participaram da ação. 

As vítimas são dois homens, de 32 e 47 anos, sendo um negro e outro de pele branca.

A Polícia Civil suspeitava que havia policiais envolvidos no ocorrido. Nesta segunda-feira (5), a corregedoria anunciou que abriu um procedimento para investigar se os militares participaram das agressões ou repassaram dados das vítimas para os agressores.

De acordo com o delegado Robertho Peternelli, durante a agressão, os envolvidos ligaram para pedir o histórico policial da dupla e receberam a informação errada de que o homem negro teria cometido um estupro.

Após a informação, ele se tornou o foco das agressões, sofreu ferimentos graves e acabou entrando em coma. Segundo o delegado, a vítima nunca cometeu estupro.

A polícia tomou conhecimento do caso somente quando um dos homens agredidos procurou os serviços do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre devido à gravidade dos ferimentos. 

Um parente da vítima disse aos agentes que o homem havia sido agredido no supermercado de Canoas.

A polícia informou que 31 câmeras de vigilância registraram o ocorrido dentro do supermercado, bem como no depósito. Quando os policiais foram até o estabelecimento coletar as imagens, notaram que os arquivos haviam sido deletados logo que os agentes entraram no local. No entanto, o delegado Peternelli apreendeu o equipamento de gravação, e encaminhou para a perícia.

O perito criminal Marcio Faccin do Instituto Geral de Perícia (IGP) do estado realizou a recuperação dos arquivos.

“Eu analisei alguns trechos até conseguir um instante em que tinha um evento que pareceu suspeito. Uma evidência de algo que a polícia estava buscando. Eles estavam tentando ocultar as provas. Eles acharam que tinham apagado, mas esses arquivos não são apagados desta forma”, disse.

O supermercado Unisuper informou, em nota, que demitiu os dois funcionários envolvidos e rompeu o contrato com a Glock Segurança. Já a empresa terceirizada informou que só vai se manifestar nos autos do processo.

Dois dos cinco seguranças envolvidos, já foram identificados pela polícia. Os funcionários do mercado são o gerente Adriano Dias e o subgerente Jairo da Veiga. Os advogados que representam os dois informaram que só vão se manifestar em juízo.