Lula chamou triplex de ‘Minha Casa Minha Vida’ em depoimento da Lava Jato

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o apartamento no Guarujá (SP), do qual é suspeito de ser proprietário oculto, de "triplex Minha Casa Minha Vida" e afirmou se sentir "constrangido" ao explicar os pedalinhos do sítio de Atibaia (SP) durante interrogatório para a força-tarefa da Operação Lava Jato.

Em quase duas horas de interrogatório, no salão das autoridades do aeroporto de Congonhas, Lula respondeu às perguntas dos delegados da PF (Polícia Federal) após a condução coercitiva (depoimento obrigatório) ordenada pelo juiz federal Sérgio Moro, no dia 4 de março.

Na sessão de perguntas, Lula ironizou o apartamento no Guarujá, dizendo que é um "triplex Minha Casa Minha Vida" e por isso não quis comprar o imóvel. O ex-presidente entregou documentos que comprovam que ele não é dono do imóvel.

— Quando eu fui a primeira vez [no imóvel], eu disse ao Léo que o prédio era inadequado porque além de ser pequeno, um triplex de 215 metros é um triplex “Minha Casa, Minha Vida”, era pequeno.

Em seguida, explicou o porquê de não comprar o imóvel após conversa com dona Marisa.

— Era muito pequeno, os quartos, era a escada muito, muito… Eu falei: “Léo, é inadequado, para um velho como eu, é inadequado.” O Léo falou: “Eu vou tentar pensar um projeto pra cá.” Quando a Marisa voltou lá não tinha sido feito nada ainda. Aí eu falei pra Marisa: “Olhe, vou tomar a decisão de não fazer, eu não quero”. Uma das razões é porque eu cheguei à conclusão que seria inútil pra mim um apartamento na praia, eu só poderia frequentar a praia dia de Finados, se tivesse chovendo. Então eu tomei a decisão de não ficar com o apartamento.

Durante o interrogatório, Lula ainda pediu para comer um misto quente e um pão de queijo. O ex-presidente disse ainda que é só a "fotografia" do Instituto Lula, uma vez que não toma as decisões de lá. Ele também negou que tenha pedido dinheiro em nome do instituto.

Sítio em Atibaia

Lula também esclareceu questões sobre o sítio em Atibaia (SP), do qual admitiu ser frequentador: "Às vezes, eu vou duas vezes por mês". O ex-presidente disse ainda que frequentava a propriedade com amigos, incluindo "o Fernando Bittar [um dos donos do sítio], que, aliás, é um bom churrasqueiro".

Sobre os pedalinhos do sítio, o ex-presidente afirmou que "certamente" dona Marisa, mulher de Lula, comprou os equipamentos porque, segundo o petista, "adoraria ver os netos dela e outras crianças que fossem lá possivelmente passear naquilo". Em seguida, não escondeu sua irritação com o assunto.

— Eu fico, acho que não é legal, eu fico constrangido de você me perguntar de pedalinho e de me perguntar de um barco de 3 mil reais, sinceramente eu fico… […] Agora, se eu não responder mais é porque eu me sinto envergonhado de falar no pedalinho.