Neste ano, vários filmes que os amantes do cinema estavam ansiosos para assistir foram finalmente lançados. Alguns deles, inclusive já estão na lista de candidatos ao Oscar 2023 como Avatar: O Caminho da Água, Batman, Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, Top Gun: Maverick, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura e Não! Não Olhe.
O filme nacional Marte Um foi o destaque, tendo sido eleito Melhor Filme do Ano por três especialistas em cinema. Veja outras produções que, na opinião de outros profissionais do campo, são merecedoras de um prêmio.
Marte Um
Uma família negra de Contagem, Minas Gerais, tem seus sonhos ameaçados quando um homem de extrema-direita é eleito presidente.
“Marte Um é destes filmes em que a vida cotidiana acontece, com todos seus dias comuns e também seu surrealismo, em um país em que muitas vezes normalizamos os absurdos, o racismo, a violência, a intolerância. A direção de Martins nos coloca dentro da casa desta família, no coração do Brasil que teima, apesar de tudo, em sonhar”, explica a documentarista e jornalista especializada em cinema Flávia Guerra.
Sob os Holofotes
O longa-metragem que tem Léa Seydoux no elenco mostra a jornalista de TV France, uma mulher vaidosa e obcecada pela fama, cujo egocentrismo é influenciado pelo seu assistente, Lou, viciado nas redes sociais. Dando maior importância ao trabalho do que à família, France vai a uma reunião de notícias no Palais de l’Élysée, até que um acidente ocorre, causando uma crise e uma revelação.
“A personagem-título serve como avatar perfeito para o clima tenso que vem tomando a França nos últimos anos. E absolutamente tudo é filtrado pelo olhar e pelas reações dessa jornalista-celebridade: da cobertura de guerra contra jihadistas a uma reportagem sobre refugiados, passando por uma história de abuso sexual. Sob os Holofotes, o filme, é uma sátira brilhante sobre a impossibilidade de o jornalismo produzir imagens puras – sejam elas encenadas ou reais”, afirma o Felipe Moraes, repórter de cultura e crítico de cinema.
Ele alega que o longa Sob os Holofotes, que pode ser assistido na HBO Max, foi um dos melhores deste ano. Isso porque o cineasta francês Bruno Dumont, responsável pelos ótimos Fora de Satã (2011) e Jeannette: A Infância de Joana D’Arc, realizou uma das provocações mais bizarras e perturbadoras.
Top Gun: Maverick
Ao regressar à TopGun para instruir um grupo de novos aviadores, Pete Maverick Mitchell enfrenta o tenente Bradshaw (Miles Teller), filho de seu antigo copiloto, Goose (Anthony Edwards). Enquanto o protagonista revive fantasmas do passado para se sacrificar em um serviço militar, uma missão especializada surge e cria uma rivalidade.
Para Felipe Hoffmann, Tom Cruise volta com todo seu carinho e afeto em Top Gun: Maverick, não somente pelo personagem, mas pelos filmes de ação. “Além disso, a produção dá uma aula de como continuar uma obra que já se tornou um clássico, respeitando o passado e repetindo o que deu certo lá trás, o que pode ser tão bom quanto da primeira vez”.
RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
De acordo com Arthur Tuoto, cineasta, professor e crítico de cinema, a melhor produção lançada neste ano é o filme indiano RRR: Revolta, Rebelião e Revolução, da Netflix, justamente por ser um longa que caminha na contramão de um cinema de ação verossímil que domina Hollywood.
Tuoto afirma que os elementos gráficos presentes na produção a tornaram marcante para aqueles que apreciam uma boa experiência audiovisual: “Mesmo os filmes de herói da Marvel, hoje em dia, possuem uma caracterização verossímil para soarem mais legítimos. O RRR integra muito bem cenas de ação live action com elementos gerados por computador em uma dinâmica que não procura ser meramente realista, mas sim trabalhar com uma inventividade visual. É um cinema de espetáculo que assume o espetáculo com todas as letras, que propõe uma experiência audiovisual prazerosa sem se prender a convenções realistas, coisa que anda em falta ultimamente”.
Memoria
Uma orquidófila visita sua irmã doente em Bogotá. Chegando lá, faz amizade com uma arqueóloga francesa responsável pelo acompanhamento do projeto de construção e de um jovem músico. A cada noite, ela é incomodada por estrondos cada vez mais altos que a impedem de dormir.
Ailton Monteiro, colaborador do site de cinema Pipoca Moderna, que tem experiência como membro de júri em festivais de cinema, elegeu como melhor filme de 2022 a produção Memoria de Apichatpong Weerasethakul. O longa se destaca pelo “caráter pouco palpável” sobre fantasmas do passado, espiritualidade das florestas, além do som misterioso.