Não é Rodrigo Santoro, nem Rodrigo Lombardi. O personagem principal e centro das atenções de “Velho Chico” é mesmo o Rio São Francisco. Quem garante é o autor Bruno Luperi, que escreve com Edmara Barbosa a trama banhada pelas lendárias águas.
— Ele é um protagonista. Não é cenário, mas o alicerce da história. Sem o rio, a trama não aconteceria. Ele é uma benção, água que corta o sertão. Um presente para o Brasil — enumera Bruno.
A devoção ao velho Chico não é restrita apenas aos ribeirinhos. Atores que gravaram em suas margens e águas colecionam histórias.
— A energia espiritual que tem naquelas águas eu jamais senti. O perfume é diferente e o cabelo fica maravilhoso! Trouxe dois litros da água para o Rio — conta Bárbara Reis, de 27 anos, a Doninha.
Na pele de Eulália, Fabíula Nascimento, por sua vez, nunca imaginou que tomaria banho no São Francisco.
— No final de cada dia de trabalho, tínhamos o rio na porta do set de gravação. Nadávamos como peixes — recorda a atriz de 37 anos.
Com apenas 9 anos, Isabella Aguiar, a Tereza criança, diz que “dá para ver peixinhos do tamanho do dedo indicador”:
— No dia em que eu gravava com Lucca Fontoura (o Cícero criança), tinha um arco-íris que terminava bem atrás de nós, na beira do rio, nas pedras onde gravamos — destaca, toda empolgada.
Estar nessas águas não foi novidade para a baiana Cyria Coentro, a Piedade. A atriz de 49 anos já viajou pelo rio levando espetáculos para o interior do estado. Mas, dessa vez, a sensação foi diferente:
— Numa folga, nadando com amigos, cantamos “É D’Oxum”, de Gerônimo e Vevé Calazans. Ao mesmo tempo, sentimos um forte cheiro de alfazema. Foi mágico.
O mesmo ocorreu com Júlio Machado, o Clemente.
— Eu tinha 12 anos no meu primeiro encontro com o São Francisco e o contemplei por quase uma hora. Só agora, mais de 20 anos depois, foi que mergulhei em suas águas e toquei aquele mistério. Não há mergulho parecido em nenhum lugar do planeta — descreve o ator de 35 anos.