A jornalista Flávia Vargas, de 45 anos, relatou como foi passar por cerca de 15 episódios de gravidez psicológica antes de dar à luz o único filho, Rafael, de 21 anos.
“Meus seios ficavam maiores, eu sentia muito enjoo e minha barriga inchava”, disse.
O ciclo irregular e a impossibilidade de tomar comprimidos anticoncepcionais, por conta das reações alérgicas, faziam Flávia ter “certeza” de que estava grávida todas as vezes que a menstruação atrasava. Apesar de fazer testes de farmácia, que mostravam que não estava grávida, ela só se sentia aliviada quando menstruava.
Em um dos episódios, a barriga cresceu tanto que ela acreditou estar gestando dois bebês. Em um outro caso, uma secreção vazou de um dos seios. O sinal de alerta deixou Flávia apreensiva e a levou a marcar uma hora com o médico especialista.
“Ao ouvir o meu relato, ele disse que, possivelmente, eu estava tendo uma pseudociese (gravidez imaginária). Para mim, soou como um absurdo. Nunca tinha ouvido falar nisso”.
Flávia procurou outro médico, pois acreditava que o ginecologista havia se enganado, mas o novo profissional também a diagnosticou com o mesmo problema. Além disso, foi instruída a procurar ajuda psicológica imediatamente.
“Nunca me imaginei naquela situação, apesar de hoje enxergar que o diagnóstico era óbvio. Mas quem passa por isso, não se convence. Tem certeza de que está grávida”, explicou.
De acordo com a psiquiatra Danielle Admoni, mulheres que sofreram traumas, como abuso sexual, perda gestacional ou de um filho, têm uma tendência maior ao quadro. Aquelas que sofrem pressão dos companheiros ou parentes para engravidar ou tem problemas relacionados à fertilidade também estão mais propensas a vivenciar uma gravidez psicológica.