No interior da Bahia, mulheres de diferentes gerações aprendem e se apaixonam pelo ofício de associar-se à comunidade. O povoado do Uruçu, situado no município de Mairi, no centro-norte da Bahia, é liderado por mulheres há mais de três décadas e sobrevive da agricultura familiar. O faturamento anual é superior a R$ 30 mil.
Aproximadamente 130 habitantes moram atualmente no local, sendo a maioria integrante da mesma família que iniciou a história do povoado. O Uruçu comercializa três produtos principais: polpa de frutas, farinha de mandioca e azeite de licuri prensado a frio.
A venda foi iniciada devido à necessidade das famílias do povoado de terem renda e emprego. A maioria dos produtos é vendida para moradores de Mairi e cidades vizinhas, às vezes até Ipirá e Feira de Santana. Aproximadamente metade dos rendimentos é proveniente de um único acordo com a prefeitura de Mairi, para fornecimento de polpas para merenda escolar do município.
Além dos lucros advindos da venda dos produtos, a associação também recebe uma taxa mensal dos associados, porém de valor insignificante. “Temos 22 membros, eles pagam uma cota mensal de R$2, mas temos benefícios, como polpa e farinha”, conta a chefe da associação.
As mulheres são as líderes da Associação Comunitária. Das seis vagas de cargos gerenciais da diretoria, cinco são ocupadas por elas. A idade não é muito relevante na gestão. A presidente Neide tem 61 anos, enquanto a vice Iris Mercês tem somente 20.
“Desde quando surgiu a associação minha mãe sempre foi muito envolvida no serviço, então desde novinha vim participando, vendo os movimentos. Quando fiz 18 anos já podia me associar, já conhecia o trabalho e todos os benefícios que a associação trouxe para a nossa comunidade e nisso surgiu a paixão de manter vivo o serviço. Quando os mais velhos vão saindo, tem que ficar a nova geração, né?”, diz a jovem.
Outras organizações semelhantes às do Uruçu, podem ser encontradas no interior da Bahia, classificadas como cooperativas ou associações.
“Uma associação surge em benefício da comunidade, as pessoas se unem por um objetivo comum. A associação tem um fim mais social, diferente da cooperativa que tem um fim econômico que gera lucro e o lucro é dividido entre os cooperados”, relata Adriana Moura, coordenadora de agronegócio do Sebrae-Bahia.
O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado da Bahia (SESCOOP-BA) registrou, no ano de 2021, o faturamento total de R$ 6 bilhões arrecadados pelas 154 cooperativas ativas na Bahia. Quanto as associações comunitárias, os valores não foram informados pelos órgãos oficiais.