Os índices da proliferação da dengue na Bahia voltaram a causar preocupação entre os médicos especialistas. Em suma, foram 35.644 casos em 2022, o que equivale a um aumento de 43% em relação aos números de 2021, quando 24.761 baianos contraíram a doença. Os números são de um relatório da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Dos casos, 261 (0,5%) foram classificados como Dengue com Sinais de Alarme (DSA) e 52 (0,1%) como Dengue Grave (DG)
Maria Glória Teixeira, epidemiologista e professora do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), explica que a situação é considerada grave.
”Estamos muito preocupados com a situação das arboviroses [categoria de doenças na qual a dengue se encaixa, junto com zika e chikungunya]. Principalmente da dengue porque aumentou muito na Bahia. Foi muito mais do que nos dois anos anteriores [2020 e 2021]. E como estamos no Verão, o pico das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, que é entre março e abril, já está por vir”, disse.
A conjuntura é ainda mais problemática, segundo o infectologista Matheus Todt, porque há também os casos que não são documentados no sistema da Sesab.
”O cenário mostra-se ainda mais sombrio quando consideramos que as arboviroses são subnotificadas. Isso pode representar um aumento expressivo dos óbitos por dengue, de sequelas por chikungunya e de malformações, como a microcefalia, pela zika”, aponta.
Totalizando, 24 indivíduos morreram por causa da doença em 2022. Desde 2019, ano em que foram registrados 40 casos, não se via tantos mortos em decorrência da dengue. Em 2020, foram 13 e, no ano passado, quatro.
O Conselho Estadual de Saúde (CES) expressou apreensão quanto à situação. O presidente do CES, Marcos Sampaio, solicitou que sejam tomadas medidas para impedir o aumento do número de casos de dengue.
“Esses aumentos no número de casos e óbitos trazem uma preocupação grande para o conselho. Acredito que a gestão estadual deve entrar em alerta para os casos. Precisamos ter uma compreensão de que, no período do Verão, é preciso ter ações conjuntas orientadas pelo estado”.