Will Cathcart, o chefe do WhatsApp, publicou uma série de tuítes nas quais faz graves acusações contra o Telegram, seu rival. O executivo disse que a plataforma de Pavel Durov é um grande programa espião russo e que as pessoas não deveriam instalar o aplicativo no celular.
Cathcart disse que, de acordo com uma notícia da Wired, a criptografia de ponta a ponta (E2EE) usada pelo Telegram não é checada de forma independente. Ele também questionou possíveis deficiências na aplicação do E2EE, como o fato de não estar ativo como configuração inicial e a impossibilidade de conversas em grupo.
O líder do WhatsApp criticou o Telegram por ser pouco claro quanto à entrega de informações para governos, o que vai contra o que as empresas de tecnologia fazem atualmente.
“Em muitos casos, é impossível dizer o que realmente está acontecendo… se spyware ou informantes do Kremlin foram usados para invadir”, publicou.
Cathcart termina seu ataque com um conselho para aqueles que não desejam usar o WhatsApp por qualquer motivo: “Não use o Telegram!”. O executivo não apresenta outras opções, então é difícil saber o que ele considera seguro, além do seu aplicativo.
Telegram revida
Para não perder terreno, o Telegram deu uma resposta à altura do rival. O porta-voz Remi Vaughn entrou em contato com alguns sites para desmentir as alegações da Wired e os ataques do chefe do WhatsApp. O representante contesta o texto publicado e afirma que a equipe editorial não levou em consideração as análises feitas pelo Telegram a respeito do tema.
A plataforma apontou nove erros presentes no texto, mas há a possibilidade de haver mais, uma vez que a resposta ainda não está completa.
Dentre os vários argumentos rebatidos, um diz respeito ao monitoramento da localização, apontado como uma possível falha na segurança. Vaughn disse que isso era facultativo e que apenas 0,01% dos usuários deixariam a sua posição visível para todos.
Em relação à criptografia de grupos e conversas secretas, a lista apresenta o uso do protocolo E2EE, que seria confirmado de forma independente, sim, ao contrário da declaração de Cathcart. O sistema foi avaliado por um grupo da Universidade de Udine, na Itália, que deu o seu okay para o protocolo MTProto 2.0, usado pelo Telegram para proteger todas as conversas.
Apesar de ser um aplicativo de código aberto, o Telegram alega que não revela sua criptografia justamente para proteger o usuário. Ademais, de acordo com o comunicado, os servidores estão completamente bloqueados, de forma que apenas dispositivos autorizados pelo MTProto 2.0 possam acessar as mensagens.
WhatsApp vs Telegram
A disputa entre WhatsApp e Telegram é longa, com ambos os lados se acusando e criticando um ao outro.
Além de fornecer informações para agentes reguladores e autoridades, o WhatsApp é suspeito de violar a sua própria criptografia. Ao fazer backups das conversas no Google Drive sem um sistema de criptografia, as conversas e mídias ficam vulneráveis.
A verdade é que o WhatsApp está sempre inovando para se aproximar dos recursos do Telegram. O mensageiro russo, apesar de ter menos usuários, lidera o setor em termos de funcionalidades, mas tem uma postura bastante negligente em relação ao tratamento com autoridades.
No Brasil, o Telegram foi multado por não cumprir uma ordem do STF. A plataforma pagou a quantia bilionária, mas solicitou que o ministro Alexandre de Moraes reverter a decisão, o que não aconteceu. Anteriormente, o mensageiro foi acusado de violar um pacto para o combate às notícias falsas.