Ambiente de trabalho tóxico: 44% das brasileiras foram vítimas de assédio e agressão em 2022

O local de trabalho se mostrou um ambiente hostil para 44% das mulheres brasileiras em 2022, segundo dados da terceira edição da pesquisa Women @ Work, realizada pela consultoria Delloite. A pesquisa entrevistou 5 mil mulheres no mercado de trabalho em dez países, sendo 500 no Brasil, com idades entre 18 e 64 anos. Entre as agressões sofridas, destaca-se a violência de ordem moral, como o fato de 23% das entrevistadas terem tido suas ideias creditadas por outras pessoas.

Para trabalhadoras negras e indígenas, o cenário é ainda mais preocupante: 44% afirmaram não ter sido reconhecidas pelas suas ideias. A pesquisa não abordou diretamente o assédio sexual, mas questionou sobre abordagens pouco profissionais ou desrespeitosas, situação enfrentada por 6% das brasileiras – número igual à média global.

Embora os números sejam alarmantes, houve uma melhora em comparação aos anos anteriores. Em 2022, 59% das entrevistadas relataram comportamentos não inclusivos no ambiente de trabalho, contra 52% em 2021. Os números do Brasil também ficaram abaixo da média internacional, que é de 47%.

Entretanto, apenas metade das mulheres denunciou a violência sofrida à empresa. Dentre as que optaram por não recorrer a instâncias superiores, 34% acreditavam que o comportamento do agressor não era grave o suficiente para justificar uma queixa, 23% temiam que a denúncia não fosse levada a sério e 15% receavam que a situação piorasse após a formalização da queixa.

Mulheres negras e indígenas também enfrentaram outros obstáculos, como serem menos convidadas para atividades predominantemente comandadas por homens (18%) em comparação às demais (12%) e lidar com mais piadas feitas às suas custas (6%, contra 4% das brancas).

Aline Vieira, sócia da Delloite no Brasil e líder do programa “Delas”, que visa a inclusão de mulheres em cargos de liderança nas empresas, ressalta a importância de as organizações estarem mais atentas ao bem-estar de suas funcionárias.

“Mulheres não se sentem seguras e apoiadas por seus gestores”, afirma Vieira.

A pesquisa reforça a necessidade de mudanças no ambiente de trabalho, a fim de garantir um espaço mais seguro e inclusivo para todas.