O vulcão mais perigoso da Europa pode estar prestes a emergir de um sono que dura há 485 anos. Segundo artigo publicado na revista Communications Earth & Environment nesta sexta-feira (9), o Campi Flegrei, localizado próximo a Nápoles, no sul da Itália, demonstra sinais alarmantes de atividade.
Este “supervulcão”, que entrou em atividade pela última vez em 1538, tem mostrado indícios preocupantes de possível erupção. Nos últimos 70 anos, dezenas de milhares de pequenos terremotos têm ocorrido na região, enquanto a cidade costeira de Pozzuoli foi elevada em quase quatro metros – altura equivalente a um ônibus de dois andares.
A caldeira que abriga milhões
Campi Flegrei, que significa “campos em chamas” ou “campos de fogo”, é uma extensa rede de 24 crateras e montes que se estende da vasta caldeira oposta ao Vesúvio até o vizinho Golfo de Pozzuoli. Mais de 1,5 milhão de pessoas vivem acima desse complexo de vulcões subterrâneos e meio milhão de indivíduos residem dentro da caldeira de 11 quilômetros de extensão.
De acordo com o estudo, se Campi Flegrei entrasse em erupção numa escala proporcional aos eventos anteriores, as consequências seriam catastróficas. O vulcão ejetaria rochas derretidas e gases na estratosfera, desencadeando tsunamis de até 33,5 metros de altura e espalhando uma pluma de enxofre e cinzas tóxicas capazes de mergulhar a Terra em um inverno global por décadas.
“Campi Flegrei está se aproximando da ruptura. Isso não significa que uma erupção esteja garantida, mas o magma precisa estar empurrando para cima no local certo para que uma erupção ocorra”, disse Christopher Kilburn, professor de Ciências da Terra na Universidade College London.
Supervulcão em potencial
A designação de Campi Flegrei como “supervulcão” ainda é discutida, já que um supervulcão é capaz de produzir erupções da mais alta magnitude, expelindo mais de mil quilômetros cúbicos de material. No entanto, a maior erupção registrada de Campi Flegrei ejetou 285 km cúbicos de material, que ainda seria suficiente para causar uma catástrofe global.
Os cientistas acreditam que o “fermento subterrâneo” está sendo impulsionado pelo gás vulcânico que se infiltra na crosta abaixo de Campi Flegrei, tornando a crosta mais propensa a se romper, mesmo sob tensões menores.
No entanto, é importante frisar que a ocorrência de uma erupção não é garantida. Para que os vulcões explodam, os gases devem se acumular mais rápido do que podem escapar, e o magma também precisa ser capaz de se mover rapidamente pela crosta onde uma rachadura se formou – duas condições que os cientistas não podem saber ao certo que ocorreram até que uma erupção aconteça.
“É o mesmo para todos os vulcões que estão quietos há gerações. Os Campi Flegrei podem se estabelecer em uma nova rotina de subir e diminuir suavemente, como visto em vulcões semelhantes ao redor do mundo, ou simplesmente voltar a descansar”, disse Stefano Carlino, pesquisador do Observatório do Vesúvio.
Ainda assim, a comunidade científica está alerta e se preparando para qualquer resultado, enfatizando a importância da preparação e da vigilância contínua. As pesquisas continuarão a ser realizadas para melhor entender e prever o comportamento deste gigante adormecido.