Risco nas ruas: Pesquisa revela que o álcool no trânsito mata 1,2 brasileiro por hora

Novos dados destacam a urgência de combater a combinação perigosa entre álcool e direção.

Uma pesquisa recente divulgada pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa) revelou dados alarmantes sobre os acidentes causados pelo consumo de álcool no trânsito no Brasil. De acordo com o estudo, a combinação perigosa entre álcool e direção resulta na perda de 1,2 vida brasileira a cada hora. Essas estatísticas preocupantes colocam em evidência a importância de combater essa prática e promover a conscientização sobre os riscos envolvidos.

Mortes evitáveis: 10.887 vidas perdidas em 2021

Em 2021, o álcool no trânsito foi responsável pela perda de 10.887 vidas no Brasil, uma média de 1,2 óbito por hora. Esses números alarmantes destacam a gravidade do problema e reforçam a necessidade urgente de ações efetivas para combater essa prática. Kaê Leopoldo, psicólogo e pesquisador do Cisa, ressalta que essas mortes são totalmente evitáveis, bastando que as pessoas façam a escolha consciente de não beber antes de dirigir. No entanto, a pesquisa revela que cerca de 5,4% dos brasileiros ainda relatam dirigir após consumir bebidas alcoólicas, um indicador que permanece estável no país.

Redução na taxa de mortalidade, mas desafios persistem

Embora seja encorajador observar uma redução de 32% na taxa de mortalidade relacionada ao álcool no trânsito em comparação a 2010, é importante reconhecer que o número de mortes ainda é excessivamente alto. Durante o período analisado, o índice de óbitos caiu de sete para cinco por 100 mil habitantes. Kaê destaca que essa tendência de queda ao longo dos últimos 10 anos é um sinal positivo, mas é necessário um esforço contínuo para alcançar níveis aceitáveis de segurança viária.

Aumento nas hospitalizações: motociclistas e ciclistas em risco

Enquanto a taxa de mortalidade apresentou redução, o estudo revela um aumento de 34% no número de hospitalizações relacionadas a acidentes de trânsito causados pelo consumo de álcool. Esse aumento é impulsionado principalmente pelos acidentes envolvendo motociclistas e ciclistas. No entanto, as hospitalizações de ocupantes de veículos e pedestres envolvidos em acidentes causados pelo álcool diminuíram.

Kaê sugere que o aumento nas hospitalizações de motociclistas e ciclistas pode estar relacionado ao crescimento da frota desses veículos no período analisado. Com o aumento de motoboys e entregadores, esses profissionais passaram a circular em horários com maior incidência de motoristas embriagados, aumentando assim o risco de acidentes.

Diferenças entre estados: políticas públicas e fiscalização em destaque

Os números de óbitos e hospitalizações variam consideravelmente entre os estados brasileiros. Enquanto Tocantins, Mato Grosso e Piauí registram mais de nove óbitos a cada 100 mil habitantes devido a acidentes motivados pelo consumo de álcool, Amapá, São Paulo, Acre, Amazonas, Distrito Federal e Rio de Janeiro apresentam números inferiores a quatro óbitos por 100 mil habitantes.

Para Kaê, essa disparidade pode ser atribuída a uma série de fatores, como a implementação de políticas públicas, fiscalização, densidade de blitz, aspectos culturais, frota de veículos e qualidade das estradas. É fundamental que cada estado analise suas especificidades e adote medidas efetivas para reduzir as taxas de óbitos e hospitalizações relacionadas ao consumo de álcool no trânsito.

Promovendo a conscientização e a segurança no trânsito

Mariana Thibes, socióloga e coordenadora do Cisa, destaca a importância das autoridades locais aumentarem a fiscalização nas ruas e implementarem campanhas educativas. A educação da população desempenha um papel crucial na segurança viária. Além disso, é necessário que a fiscalização seja contínua para garantir a efetividade na redução de mortes no trânsito, apesar da existência de leis.

Perfil das vítimas: homens jovens em maior risco

O perfil das vítimas de acidentes relacionados ao consumo de álcool no trânsito é majoritariamente masculino. O estudo revela que 85% das hospitalizações e 89% das mortes são de pessoas do sexo masculino. Além disso, a faixa etária mais afetada situa-se entre 18 e 34 anos.

É importante ressaltar que não existe um nível seguro de consumo de álcool antes de dirigir. O álcool, mesmo em pequenas quantidades, afeta os reflexos do condutor, aumentando significativamente o risco de acidentes graves. Arthur Guerra, psiquiatra e presidente do Cisa, destaca que o álcool compromete a atenção, a percepção de velocidade, o tempo de reação, além de causar sonolência, redução da visão periférica e outras alterações neuromotoras.

Compromisso contínuo para um trânsito mais seguro

Embora haja uma redução na taxa de mortalidade relacionada ao consumo de álcool no trânsito, os números ainda são alarmantes. O Brasil continua perdendo vidas de forma evitável. É fundamental que as autoridades intensifiquem os esforços para implementar políticas públicas, aumentar a fiscalização, promover campanhas educativas e conscientizar a população sobre os riscos do álcool no trânsito. A segurança viária é responsabilidade de todos, e somente através de um compromisso contínuo poderemos alcançar um trânsito mais seguro e preservar vidas.