Menos de um dia após ter confirmado a veículos de comunicação que o tenente-coronel Mauro Cid iria implicar Jair Bolsonaro (PL) em um suposto esquema de desvio de presentes valiosos da Presidência, seu advogado Cezar Bitencourt rapidamente ajustou seu discurso. Ele enfatizou que as transações envolvendo joias dadas ao ex-presidente por delegações internacionais não foram discutidas.
Em uma nota enviada ao renomado jornal O Estado de S. Paulo, Bitencourt declarou:
“Não se tratou de joias! Esse foi um equívoco da Veja.”
A renomada revista Veja havia informado na quinta-feira que Mauro Cid estava pronto para admitir que, sob ordens de Bolsonaro, havia vendido joias nos Estados Unidos. Alegou ainda que o montante arrecadado foi posteriormente remetido ao ex-presidente – uma ação que, se verdadeira, poderia se enquadrar nos crimes de peculato e lavagem de dinheiro.
A narrativa foi reiterada pelo advogado a diversos veículos antes de seu recente recuo.
“O foco aqui é que essa atividade pode ser categorizada como contrabando. Há a questão da repatriação de fundos e o possível crime contra o sistema financeiro. Entretanto, o dinheiro era de Bolsonaro”
Bitencourt teria afirmado em uma entrevista anterior.
Ele entrou no caso em defesa de Cid na última terça-feira. Em menos de 24 horas, indicou que a estratégia da defesa poderia ser que o tenente-coronel estava apenas seguindo ordens, mesmo que fossem “ilegais e injustas”.
“A hierarquia e obediência para um militar são cruciais. A obediência estrita a um superior pode, de fato, eximir sua culpa. No entanto, o que não se pode acatar é uma ordem manifestamente criminosa”
Comentou Bitencourt à GloboNews.
Na última sexta-feira, a Polícia Federal avançou nas investigações do caso das joias, emitindo mandados de busca e apreensão. Mauro Cid, envolvido central da história, atualmente se encontra detido por supostas infrações relacionadas à falsificação de cartões de vacinação.
Também estão supostamente envolvidos no esquema de desvio de joias o pai de Cid, general da reserva Mauro César Lourena Cid, o segundo tenente Osmar Crivelatti, e o advogado Frederick Wassef. O total desviado é estimado em R$ 1 milhão.