Durante funeral da Mãe Bernadete, líder quilombola, filho desabafa: ‘Eu sou o próximo’

Salvador, Bahia – Neste sábado (19), a cidade de Salvador se uniu em luto e homenagem durante o funeral de Mãe Bernadete, uma líder quilombola respeitada da região. Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, foi tragicamente assassinada na noite de quinta-feira (17) em sua residência no Quilombo Pitanga de Palmares, localizado em Simões Filho.

Em meio à tristeza, o filho de Mãe Bernadete, Wellington dos Santos, expressou sua determinação em continuar o legado de sua mãe: “Eles podem ter conseguido calar minha mãe, que cobrava justiça pela morte do meu irmão, mas eu estou aqui para continuar essa luta”, desabafou. “Eu sou o próximo, não tenho dúvida. Mataram o meu irmão há quase seis anos e agora executaram a minha mãe”, completou.

Conforme Wellington, embora sua mãe estivesse sob o Programa de Proteção dos Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH), o esquema de segurança muitas vezes parecia superficial, destacando falhas no sistema.

A delegada Andréa Ribeiro, que lidera as investigações, informou que dois indivíduos são os principais suspeitos pela morte de Mãe Bernadete. A busca por evidências ainda está em andamento, com esperanças de que imagens de câmeras de segurança possam fornecer pistas vitais.

A Secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) relembrou que a área vinha sendo monitorada desde 2017 e ressaltou o comprometimento do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos na proteção de indivíduos em situações de risco.

Duas semanas antes de sua morte, a líder comunitária procurou o Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando maior proteção após receber ameaças relacionadas a disputas de terras e atividades ilegais na região.

A delegada Andréa Ribeiro mencionou que diversas motivações estão sendo consideradas, incluindo grilagem, tráfico de drogas e ameaças prévias. Adicionalmente, a Coordenação de Conflitos Fundiários e a Polícia Federal também estão envolvidas nas investigações, dada a localização do Quilombo em uma Área de Proteção Ambiental.

A Polícia Federal reforçou seu comprometimento na busca por justiça, recordando que o caso do filho de Mãe Bernadete, morto em 2017, ainda está sob investigação ativa.