Lula propõe reforma do Conselho de Segurança da ONU

No cenário internacional, a voz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mais conhecido como Lula, ressoou mais uma vez ao defender veementemente a necessidade de reformar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Durante sua visita oficial de dois dias a Luanda, Angola, após participar da 15ª Cúpula do Brics, Lula trouxe à tona discussões cruciais sobre o papel e a eficácia do Conselho de Segurança.

A proposta do líder político brasileiro ecoou no âmago das questões globais. Lula, que já ocupou a cadeira presidencial por três mandatos, destacou que o atual Conselho de Segurança da ONU não condiz com sua missão original, perdendo a credibilidade que possuía desde sua criação em 1945. A contundente declaração de Lula ganha ainda mais relevância diante do contexto das ações unilaterais de algumas nações poderosas que têm evitado as discussões e deliberações no Conselho antes de empreenderem ações militares.

“O Conselho de Segurança, que deveria ser a segurança da paz e da tranquilidade, é o que faz a guerra sem conversar com ninguém. A Rússia vai para a Ucrânia sem discutir no Conselho de Segurança. Os Estados Unidos vão para o Iraque sem discutir no Conselho de Segurança. A França e a Inglaterra vão invadir a Líbia sem passar pelo Conselho de Segurança. Ou seja, quem faz a guerra, quem produz arma, quem vende armas são os países do Conselho de Segurança. Está errado”, ressaltou Lula.

Além de criticar a falta de representatividade e os desvios de propósito do Conselho, Lula também clamou por uma reformulação que abra espaço e dê voz às nações emergentes. Em sua análise, o Conselho de Segurança perdeu sua eficácia na manutenção da paz e na resolução de conflitos, e as modificações realizadas em 2023 não foram suficientes para atender aos desafios contemporâneos.

Lula exemplificou como a ONU tem enfrentado dificuldades em questões como o conflito Israel-Palestina e as mudanças climáticas. O ex-presidente apontou para a incapacidade da organização em fazer cumprir decisões importantes tomadas em conferências internacionais, devido à falta de poder coercitivo e à ausência de um Estado soberano que assegure a implementação.

O Conselho de Segurança, essencial para a manutenção da paz global, possui a autoridade de ordenar operações militares internacionais, aplicar sanções e estabelecer missões de paz. Atualmente, é composto por 15 membros, sendo cinco permanentes com direito a veto – Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido – e dez membros não permanentes distribuídos conforme região.

A exposição de Lula em Luanda não apenas colocou sob os holofotes a necessidade premente de reformar o Conselho de Segurança da ONU, mas também reforçou a importância de um debate internacional mais inclusivo, transparente e coerente. Suas palavras reverberam em um mundo onde as decisões políticas globais afetam diretamente a vida cotidiana de cidadãos ao redor do planeta. Conforme Lula encerra sua visita ao continente africano, suas observações continuam a ressoar como um chamado à ação para aperfeiçoar as estruturas internacionais em prol de um futuro mais seguro e equitativo.