A recente onda de calor no Brasil tem gerado impacto direto no mercado de ovos. Produtores estão reduzindo os preços, em um movimento raro para esta época do ano, para acelerar a venda do produto e evitar perdas. Em Bastos (SP), cidade referência na produção de ovos no estado de São Paulo, o valor da caixa de ovos caiu cerca de 30% em quatro meses.
O aumento da temperatura diminui significativamente a vida útil dos ovos, forçando os produtores a oferecer descontos para os consumidores. No entanto, Juliana Ferraz, analista de mercado pecuário do Cepea, aponta que esse alívio no bolso é temporário.
As altas temperaturas também têm efeito sobre as galinhas, responsáveis pela produção dos ovos. Segundo Ferraz, o calor gera um estresse térmico nas aves, levando-as a se alimentarem menos e, consequentemente, a chocarem ovos menores. Esse cenário é especialmente crítico em granjas de pequenos e médios produtores, onde muitas vezes não há sistemas de climatização.
O estresse térmico causado pelo calor não só diminui a produção, mas também pode ser fatal para as aves. Há relatos de produtores que estão perdendo até “400 galinhas por dia” devido às temperaturas acima de 30ºC.
Normalmente, a onda de calor só afetava os preços dos ovos no verão, tornando a queda de preços neste inverno e na primavera um fenômeno atípico. Apesar da redução recente no preço da proteína, dados do IBGE mostram que no acumulado do ano, os preços dos ovos ainda registraram alta de 11,67%, impactados pela retração da oferta entre fevereiro e maio.
Impacto econômico e social
O cenário atual reflete não apenas na economia, mas também nas práticas de consumo e produção. A queda dos preços traz preocupações para os produtores quanto à sustentabilidade do negócio, ao passo que consumidores buscam aproveitar os preços mais acessíveis, mesmo que temporariamente.