Cauane Malaquias da Costa, de 19 anos, foi presa acusada de sequestrar o recém-nascido Ravi Cunha na Maternidade Municipal Maria Amélia Buarque de Hollanda, situada próximo à Praça da República, no centro do Rio de Janeiro, na madrugada desta quarta-feira (1°). Cauane afirmou até para os policiais que foram prendê-la que o bebê era seu.
Segundo as autoridades, a jovem responderá por subtração de incapaz com o intuito de colocá-lo em lar substituto, com pena que pode chegar a seis anos. Cauane alegou estar grávida, resultado de um relacionamento instável com um homem casado há cinco anos.
Após sequestrar Ravi do berço da enfermaria enquanto a mãe, Nívea Maria, e Patrícia cochilavam, Cauane foi para casa afirmando que o recém-nascido era dela. Ela já é mãe de uma menina de 5 anos, que nasceu na mesma maternidade.
Ao ser encaminhada à 4ª DP (Praça da República) por PMs da UPP do Borel, Cauane foi confrontada por Patrícia Cunha Figueira, avó paterna do bebê. “Por que você fez isso conosco? Por quê? Que Jesus te perdoe! Ele te ama! Que Ele tenha misericórdia!”, disse Patrícia.
Crime premeditado
O delegado Mário Andrade afirma que o crime foi premeditado. “Cauane tinha uma filha nesse mesmo hospital em 2018. Ela fez um curso de jovem aprendiz e conheceu Raiane, com quem passou a ter contato pelas redes sociais. Sabendo que Raiane estava grávida e se internaria na mesma maternidade, Cauane decidiu ir ao local. Ela aproveitou o cochilo da mãe e de outra pessoa para entrar e subtrair a criança”, explicou o delegado.
Cauane chegou ao hospital entre 10h30 e 11h, sob o pretexto de visitar Raiane. “Por volta das 15h, ela passou pela enfermaria, viu Ravi e se interessou por ele. Às 19h, ela retornou com três bolsas e, por volta de 1h da madrugada, sequestrou o bebê”, adicionou Andrade.
Quando questionada sobre o motivo, Cauane preferiu se calar. O delegado acredita que ela planejava criar Ravi como se fosse seu filho, dada a falsa gravidez que havia anunciado para o namorado e para sua família.
A jovem admitiu ter tido uma gravidez, embora sua família não acredite nela. Ela chegou a tirar fotos da recepção e da enfermaria, afirmando para os familiares que estava se internando para ter o bebê.
A cronologia dos fatos
Segundo informações do Portal ChicoSabeTudo, Ravi nasceu na terça-feira (31). Na madrugada de quarta, após a amamentação, sua mãe Nívea foi tirar um cochilo ao lado da sogra, Patrícia. Na mesma enfermaria, outras quatro mães e seus bebês também descansavam.
Às 2h da manhã, câmeras de segurança registraram uma mulher, identificada posteriormente como Cauane, perambulando pelos corredores da maternidade e entrando na enfermaria. Ela carregava ao menos três bolsas.
“Pelas imagens, tivemos contato com uma mulher carregando uma sacola e que teria dito que estava acompanhando a paciente do quarto 307. Só que o 307 estava vazio, não tinha ninguém naquele quarto”, relatou o delegado Mario Jorge Ribeiro de Andrade, titular da 4ª DP.
Funcionários da maternidade especulam que Cauane teria entrado no local por uma das varandas e saído pela porta da frente, levando Ravi escondido em uma das bolsas. O desaparecimento do bebê foi reportado às 6h30. Às 7h45, surgem as primeiras imagens de Cauane circulando pela maternidade.
Resgate e detenção
Às 8h20, um momento de alívio: a equipe de reportagem na porta da maternidade capturou o instante em que Davi Figueira, avô paterno de Ravi, recebeu uma ligação informando que o neto havia sido encontrado. Uma denúncia anônima de um vizinho de Cauane, no Morro do Borel, levou policiais da UPP da comunidade da Tijuca até a residência dela. Cauane foi flagrada com Ravi no colo e acabou detida. Por volta das 9h, o pequeno Ravi já estava de volta aos braços de seus pais.
A investigação sobre como Cauane conseguiu entrar na maternidade e sair com Ravi está em curso.