A possível instalação de uma usina de dessalinização de água na Praia do Futuro, em Fortaleza, tem gerado preocupações significativas no setor de telecomunicações. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os cabos submarinos que chegam à cidade são cruciais para a conexão de internet do Brasil com outros continentes, sendo responsáveis por 99% do tráfego de dados do país. Há temores de que a instalação da usina possa ameaçar a integridade desses cabos.
Durante uma entrevista à Folha de São Paulo, o vice-presidente da Claro, Fabio Andrade, expressou sérias preocupações com o projeto. A Anatel já emitiu um parecer contrário à instalação da usina, citando o risco de rompimento dos cabos submarinos devido à vibração causada pelos dutos de sucção da usina. Inicialmente, o projeto previa que os dutos ficassem a apenas cinco metros dos cabos, mas a Anatel determinou uma distância mínima de 500 metros.
O impacto de um eventual rompimento desses cabos seria devastador, com repercussões em serviços essenciais como segurança pública e saúde. “Quase toda a conexão internacional do país com EUA, Europa e África chega por meio destes cabos. Um reparo levaria, no mínimo, 50 dias, afetando toda a população”, explicou Andrade.
Empresas de telecomunicações questionam a escolha da Praia do Futuro para o projeto, devido à proximidade com os cabos submarinos. Fabio Andrade defende que a usina poderia ser instalada em outro local em Fortaleza, como na Praia da Árvore, para evitar riscos aos cabos e permitir futuras expansões de infraestrutura de internet.
O Governo do Ceará enfrenta agora o desafio de reavaliar a localização da usina, equilibrando as necessidades de desenvolvimento e as preocupações de infraestrutura crítica para a conectividade do país.