Pesquisadores em um estudo recente descobriram fósseis de 1,75 bilhão de anos que podem fornecer dados valiosos sobre a evolução biológica do planeta Terra. As análises realizadas indicam a presença de cianobactérias antigas, dando indícios dos primórdios da fotossíntese oxigenada, um processo vital que contribui para a atmosfera rica em oxigênio que hoje suporta inúmeras formas de vida.
Os fósseis, encontrados em diversas regiões incluindo Austrália, Canadá e República Democrática do Congo, exibiam estruturas que sugerem a habilidade de realização da fotossíntese. Essas estruturas, chamadas membranas tilacóides, abrigam pigmentos como a clorofila, cruciais na captação de luz e conversão em energia química, um aspecto central da fotossíntese. Este processo foi determinante na alteração das condições atmosféricas e oceânicas, proporcionando um ambiente adequado para a evolução subsequente das mais diversas formas de vida.
Com o auxílio de técnicas avançadas como a microscopia eletrônica de transmissão (TEM), os cientistas conseguiram visualizar com detalhes sem precedentes a composição dos fósseis. Esta tecnologia permite observar características em nível atômico, superando os limites da microscopia tradicional baseada em luz.
O significado deste achado é considerável, já que os vestígios microbiológicos estavam preservados em uma antiga argila que, após um processo de compactação, transformou-se em rocha. Tal preservação oferece um vislumbre direto de organismos que habitaram a Terra numa época notavelmente primitiva, anterior ao Grande Evento de Oxidação, ocorrido há aproximadamente 2,45 bilhões de anos, e que resultou num aumento substancial dos níveis de oxigênio na atmosfera.
A descoberta destas estruturas nos fósseis estabelece um novo patamar de compreensão para os registros pré-históricos dessas membranas, aproximadamente 1,2 bilhão de anos anteriores aos achados precedentes. Essa revelação científica tem potencial para reformular as teorias atuais sobre a gênese da produção de oxigênio pelas cianobactérias.
Os achados notáveis desta pesquisa proporcionam uma peça fundamental na complexa montagem da história evolutiva terrestre. A técnica empregada pela equipe de pesquisa pode, ademais, ser aplicada a fósseis mais antigos, possibilitando novas descobertas que precisem o momento exato em que as cianobactérias desenvolveram a capacidade de realizar fotossíntese oxigenada, e por consequência, fornecer uma base mais sólida para entender os eventos que precederam e sucederam o Grande Evento de Oxidação.