Rio de Janeiro – Jorge Adão, 49 anos, residente do Rio de Janeiro, se prepara para processar o Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF), localizado na mesma cidade, por alegações de danos morais após ter sofrido uma queimadura no braço durante uma cirurgia na coluna. A queimadura afetou uma tatuagem em homenagem ao orixá Ogum, o que levou Adão a acusar a equipe médica de intolerância religiosa.
O caso ocorreu durante um procedimento cirúrgico de nove horas, realizado em agosto do ano passado. Após a cirurgia, Adão relatou ter acordado com bolhas e a pele do braço danificada, condição que o médico responsável pelo pós-operatório não conseguiu explicar de imediato. Adão sofreu uma queimadura de segundo grau, supostamente causada por uma reação química à tinta da tatuagem, segundo o cirurgião que realizou o procedimento.
O Hospital São Francisco na Providência de Deus nega as acusações de intolerância religiosa. Em uma nota oficial, a instituição explicou que o acidente foi consequência de um desvio da descarga energética do bisturi elétrico, agravado pelo extravasamento de soro venoso, um evento adverso involuntário. A instituição também afirmou ter oferecido acompanhamento de um cirurgião plástico, oferta esta que, segundo eles, foi recusada por Adão.
Após o tratamento com um cirurgião plástico de outro hospital, Adão decidiu prosseguir com a ação legal. O caso ganhou destaque após Adão relatar sua experiência no quadro Papo de Rua do jornal RJTV, da Globo. Ele estava saindo da sede do Ministério Público Federal (MPF) quando foi entrevistado. O MPF havia recomendado anteriormente que o HSF elaborasse um protocolo de atendimento para pacientes praticantes de religiões de matriz africana.
O HSF, que estabeleceu um comitê de diversidade e inclusão, reitera que não houve qualquer forma de discriminação religiosa no tratamento de Adão, mas lamenta profundamente o caso. Jorge Adão, por sua vez, expressa sua dor e insatisfação, destacando as consequências físicas e emocionais do ocorrido.