Aumento de casos de dengue no Brasil ligado a El Niño, alerta professor da USP

Brasil vê aumento de casos de dengue com El Niño; falta de prevenção e clima são culpados, diz USP.

Dengue

Em uma análise recente, o professor Pedro Luiz Côrtes, vinculado à Escola de Comunicação e Artes (ECA) e ao Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), destacou uma conexão notável entre o fenômeno climático El Niño e o acentuado aumento nos casos de dengue no Brasil, especialmente em cidades como São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Belo Horizonte (MG). Este episódio climático, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico, contribui significativamente para a criação de condições ideais que favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor transmissor da doença. A alteração climática, exacerbada pelas mudanças climáticas globais, eleva a temperatura e a umidade, criando um habitat propício para o crescimento da população desses mosquitos.

Côrtes aponta que tanto o El Niño quanto sua contraparte, La Niña, têm seus impactos intensificados pelas mudanças climáticas, resultando em fenômenos mais severos. Especificamente, o El Niño conduz a um aumento na pluviosidade e temperatura nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, enquanto La Niña tende a esfriar estas áreas e aumentar as chuvas no Norte e Nordeste, ambas situações propiciando um aumento nos casos de dengue nesses territórios. A transição de um fenômeno para outro, prevista para ocorrer com o término do El Niño em março seguido pela chegada de La Niña em julho, sinaliza uma mudança nas condições ambientais que pode afetar diretamente a dispersão geográfica da dengue no país.

Além dos fatores climáticos, o professor Côrtes também ressalta a importância de ações preventivas mais efetivas por parte dos governos no combate à proliferação do Aedes aegypti. Entre as medidas sugeridas está o uso de tecnologias avançadas, como drones, para mapear e identificar potenciais focos de reprodução do mosquito em espaços urbanos. Esta abordagem tecnológica representa uma oportunidade inovadora de monitoramento e intervenção que pode ser decisiva na redução dos índices de infecção pela dengue nas regiões mais afetadas.

A correlação entre eventos climáticos como El Niño e La Niña com surtos de doenças transmitidas por vetores, como a dengue, sublinha a complexidade dos desafios impostos pelas mudanças climáticas à saúde pública global. O acompanhamento constante destas dinâmicas e a implementação de estratégias de prevenção adaptativas são essenciais para mitigar os impactos destes fenômenos sobre a população.