Glitter no carnaval: Estudo revela contribuição para a contaminação de rios e oceanos

Estudo da UFSCar mostra como o glitter usado no carnaval contamina rios e oceanos, afetando a vida aquática.

Um estudo recente da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), revelou como o glitter, amplamente utilizado em fantasias, adereços e maquiagens durante o carnaval, contribui para a contaminação de rios e oceanos. O trabalho, publicado no New Zealand Journal of Botany, destaca que as partículas decorativas, além de serem microplásticos, contêm metais como alumínio, que prejudicam o crescimento da planta aquática Egeria densa, mais conhecida como elódea.

Os pesquisadores realizaram ensaios de laboratório usando glitter comum de tipo comercial e 400 unidades da macrófita submersa aclimatadas em água do reservatório Monjolinho. Foram testadas quatro combinações: presença e ausência de glitter sob luz e sem luz. A análise mostrou que as taxas fotossintéticas da elódea eram 1,54 vezes maiores na ausência do glitter, indicando que o revestimento metálico das partículas reduz a penetração de luz na água e, por consequência, afeta negativamente a fotossíntese.

Luana Lume Yoshida, primeira autora do estudo e atualmente mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais da UFSCar, aponta que o glitter interfere na fotossíntese devido à reflexão da luz pelas superfícies metálicas presentes nesses microplásticos. Este fenômeno pode impactar não apenas a elódea, mas também organismos que dependem dela, comprometendo a base da cadeia alimentar aquática.

Marcela Bianchessi da Cunha-Santino e Irineu Bianchini Jr., coordenadores do laboratório, enfatizam a importância de um consumo mais consciente desses materiais e sugerem a busca por alternativas sustentáveis de adereços. Eles destacam que alterações nas taxas de fotossíntese têm implicações diretas em outras mudanças nos ecossistemas aquáticos, afetando a produção primária e, consequentemente, toda a cadeia alimentar.