Em uma jornada que desafia a gravidade e o tempo, um veterano da exploração espacial, o satélite ERS-2 da Agência Espacial Europeia (ESA), está em sua última missão antes de retornar ao seio da Terra. Após 16 anos circum-navegando nosso planeta, o momento de sua “aposentadoria” marca o fim de uma era repleta de descobertas sobre nosso ambiente. Este satélite, que foi oficialmente desativado em 2011, vem desde então realizando uma dança controlada rumo ao reencontro com a atmosfera terrestre.
A trajetória final do ERS-2 foi meticulosamente planejada pela ESA, evoluindo através de uma série de manobras para reduzir sua órbita. Essa estratégia gradual visa assegurar uma reentrada segura e minimamente impactante na atmosfera da Terra. Fascinante, não é? E para adicionar um toque de suspense a essa contagem regressiva espacial, a precisão da previsão de retorno é uma ciência em si: espera-se que o satélite reentre na atmosfera na quarta-feira da semana corrente, com uma margem de erro temporal de até 15 horas, evidenciando a complexidade em prever o comportamento de objetos em decaimento orbital.
Monitorado de perto por agências espaciais ao redor do globo, o ERS-2 foi recentemente capturado em imagens dramáticas por uma empresa australiana especializada, a HEO Robotics. Essas fotos revelam a odisséia final do satélite enquanto ele desliza, cada vez mais rápido, de volta ao nosso planeta. Este tipo de monitoramento não é apenas um feito técnico, mas também uma cautela, pois apesar de grande parte do satélite ser consumida pelas chamas durante a reentrada, fragmentos podem sobreviver à descida e alcançar a superfície. A ESA estima que o maior pedaço a potencialmente atingir o chão pese cerca de 52 kg. No entanto, o risco desse fragmento atingir alguém é extremamente baixo, praticamente uma em um bilhão.
O ERS-2, lançado em 1995, revolucionou a forma como observamos nosso planeta. Equipado com tecnologia de ponta, inclusive um radar de abertura sintética e altímetro de radar, esse satélite forneceu dados preciosos sobre as mudanças climáticas, a temperatura dos oceanos e a dinâmica dos ventos marítimos. Seu legado é imenso, influenciando diretamente futuras missões e equipamentos de observação terrestre e meteorológicas, como o satélite Copernicus Sentinel-1 e o sensor CryoSat Earth Explorer, essencial para o mapeamento de alterações na espessura do gelo polar.
A despedida do ERS-2 não é meramente o fim de uma missão; é um marco na história da exploração espacial e observação terrestre. Esse evento sublinha a importância de descontinuar satélites de maneira responsável, evitando a criação de lixo espacial e garantindo a segurança de futuras missões. À medida que sua jornada chega ao fim, o ERS-2 não somente deixa para trás uma rica herança científica, mas também reforça o compromisso humano com a exploração responsável e a compreensão do nosso planeta e além.