Escassez de água ameaça produção e pode elevar preços de chips globais

Escassez de água ameaça indústria de chips e pode elevar preços, impactando gigantes como TSMC.

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Imagine abrir seu smartphone, televisão ou até mesmo seu computador e se deparar com um labirinto de minúsculos circuitos que dão vida a esses aparelhos. No coração desse labirinto, encontram-se os chips semicondutores, componentes indispensáveis que mantêm o nosso mundo digital em movimento. Mas, embora invisíveis aos nossos olhos, esses chips escondem um segredo: eles são sedentos por água.

A fabricação dessas peças tecnológicas é surpreendentemente dependente de vastas quantidades de água. A água, nesse contexto, não é simplesmente a que bebemos ou usamos em nossas casas. Trata-se de água ultrapura, um ingrediente crucial que não só resfria as máquinas envolvidas no intrincado processo de produção, mas também limpa o equipamento entre cada etapa, assegurando a pureza exigida na fabricação dos chips.

Com esse conhecimento, surge uma preocupação latente: a escassez global de água pode começar a pressionar a indústria de semicondutores, ameaçando assim a produção desses componentes essenciais. Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), a gigante por trás da fabricação de chips para empresas como Nvidia e Apple, já sinaliza o alarme diante desse desafio. A empresa, que representa uma parcela significativa da produção de semicondutores avançados globalmente, revela um aumento superior a 35% no consumo de água por unidade, uma tendência que poderá culminar em interrupções na cadeia de abastecimento tecnológico global, caso a situação não seja gerida.

Esse aumento no consumo de água não é isolado. A indústria de chips, como um todo, já consome volumes comparáveis aos de uma metrópole como Hong Kong. E à medida que a tecnologia avança, demandando processos ainda mais complexos e, portanto, mais água, esse panorama pode se tornar ainda mais desafiador. Mudanças climáticas exacerbam a situação, trazendo volatilidades e extremos que poderiam perturbar ainda mais a estabilidade na produção desses componentes críticos.

Perante a iminente escassez, empresas como a TSMC podem ser forçadas a tomar medidas drásticas, entre elas aumentar os preços dos chips para compensar a redução na oferta de água. Essa decisão, embora pareça simples, tem ramificações para toda a cadeia produtiva e para os consumidores finais. Aumentos nos custos dos chips podem resultar em dispositivos eletrônicos mais caros, impactando tudo, desde o seu smartphone até sistemas avançados de computação.

Enquanto olhamos para o futuro, é evidente que a indústria terá que se adaptar e encontrar maneiras de lidar com essa nova realidade. Esse cenário não só destaca a necessidade crítica de inovações sustentáveis na fabricação de semicondutores, mas também serve como um lembrete da interconexão da tecnologia com os recursos naturais do planeta. A escassez de água e seu impacto na produção de chips emergem como um problema multifacetado, refletindo sobre não apenas a sustentabilidade da indústria tecnológica, mas também sobre nossas próprias práticas de consumo e conservação dos recursos naturais.