Astrônomos capturam imagem sem precedentes do remanescente da supernova Vela a 800 anos-luz

Astrônomos revelam imagem incrível de supernova Vela, a 800 anos-luz, com detalhes sem precedentes capturados pela DECam.

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Num feito marcante para a astronomia, cientistas capturaram a imagem mais detalhada já vista de um cenário estelar que é praticamente uma cápsula do tempo cósmica: o remanescente da supernova Vela. Ele é o legado de uma estrela que se despediu do Universo aproximadamente 11 mil anos atrás e está localizado a uma distância de cerca de 800 anos-luz da Terra. O que antes era uma estrela vibrante, agora é uma vastidão de gás e poeira estendendo-se por cerca de 100 anos-luz de espaço, um lembrete da impermanência no cosmos.

A chave para essa descoberta sem precedentes foi a Dark Energy Camera (DECam), uma maravilha tecnológica anexada ao Telescópio Victor M. Blanco, no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, Chile. Projetada originalmente com a missão de explorar os mistérios da energia escura no Universo distante, a DECam agora nos brinda com vislumbres íntimos de fenômenos cósmicos mais próximos, revelando detalhes do remanescente da supernova Vela com clareza assombrosa.

Um dos aspectos mais fascinantes deste feito é o tamanho da imagem capturada – um colossal 1,3 gigapixel. Para pôr em perspectiva, isso é muito além do que a maioria das câmeras digitais pode oferecer, geralmente limitadas a resoluções na faixa dos megapixels. O remanescente da supernova Vela, com sua magnitude, necessitava de uma captura excepcionalmente vasta para abranger sua complexidade, cobrindo uma área no céu 20 vezes maior do que o diâmetro da Lua cheia quando observada da Terra.

Dentro dessa “teia” celeste de gás e poeira, reside uma relíquia peculiar: o pulsar Vela. Este objeto é o que restou do núcleo da estrela original, agora uma estrela de nêutrons que gira vertiginosamente, disparando feixes de radiação semelhantes a um farol cósmico. Este pulsar não só ilumina nossas compreensões sobre a morte estelar mas também serve como um testemunho das forças gravitacionais extremas e dos fenômenos exóticos do Universo.

Além da sua importância científica, o remanescente da supernova Vela e seu pulsar estão situados numa região do espaço com sua própria riqueza mitológica. Situados na constelação de Vela, esses objetos celestes residem onde antes se localizava a vasta constelação Argo Navis – uma alusão ao navio de Jasão e os Argonautas na mitologia grega. Em 1755, o astrônomo Nicolas Louis de Lacaille subdividiu Argo Navis em três constelações menores, com Vela sendo uma delas, adicionando uma camada adicional de história e maravilha ao estudo deste fenômeno astronômico.

A captura deste remanescente com uma resolução e clareza sem precedentes não apenas avança nosso entendimento sobre os estágios finais da vida estelar e a dispersão de material no espaço interestelar; ela também nos convida a refletir sobre a grandiosidade e a história profundamente enraizada do cosmos que compartilhamos. Esta imagem monumental marca um ponto de inflexão, expandindo nossas fronteiras do conhecimento e reforçando o eterno fascínio pela exploração do Universo.