Um achado surpreendente sob as gélidas extensões da Antártica trouxe à luz o mais antigo gelo já descoberto, conforme divulgado em um estudo de 2022 na revista The Cryosphere. Este gelo, encontrado no fundo da camada de gelo do Atlântico, é o mais antigo do tipo até hoje identificado. A Antártica, conhecida por suas descobertas científicas sobre o clima através do gelo, já revelou núcleos de gelo de até 800 mil anos. Mas você já se perguntou por que estes achados são tão significativos?
Por Que Estudamos o Gelo Antigo?
Cientistas, como Kikki Kleiven, do Centro Bjerknes de Pesquisa Climática da Universidade de Bergen, explicam que para alcançar esses fragmentos de gelo, é necessário uma operação bastante complicada e cara. Perfurações são feitas nas profundezas da Antártica, exigindo transporte de equipamentos e pessoal para locais extremamente remotos.
Mas, qual é o destino do gelo antigo em um mundo em aquecimento? É aqui que entra a fascinante estabilidade do gelo sob camadas de sujeira e pedras, que agem como um escudo protetor, permitindo que o gelo resista ao tempo. Dentro desse gelo, existem elementos radioativos que se transformam com o passar dos anos. Essa transformação permite aos cientistas determinar a idade do gelo, estudando a taxa dessas mudanças.
Como o Gelo Antigo Nos Ajuda Hoje?
Essas antigas massas de gelo guardam segredos sobre as variações climáticas naturais da Terra. Ao analisar bolhas de ar preservadas no gelo, os cientistas podem medir os antigos níveis de CO2 na atmosfera, oferecendo pistas sobre as mudanças climáticas ao longo dos milênios.
Por exemplo, uma amostra com cerca de 2,7 milhões de anos mostrou níveis de CO2 de aproximadamente 300 ppm (partes por milhão), enquanto hoje esse número é cerca de 424 ppm. Essas medições são críticas: “Se você encontrar gelo com cinco milhões de anos, estará olhando para um mundo com efeito estufa”, diz Kleiven. Esse mundo era cerca de dois ou três graus mais quente do que o atual.
Qual o Impacto Para o Futuro?
Descobrir níveis variados de CO2 durante diferentes eras geológicas ajuda os cientistas a entender como outros aspectos do sistema climático da Terra mudaram em resposta. Este conhecimento poderia melhorar significativamente nossa compreensão sobre o impacto humano no clima e, potencialmente, como podemos mitigar futuras mudanças climáticas.
