Jocelyn Bell e a incrível descoberta dos pulsares na astronomia

Jocelyn Bell, a cientista que revolucionou a astronomia ao descobrir os pulsares, enfrentou a misoginia e mudou a Ciência.

preconceito

Em um tempo não muito distante, alcançar um cargo além de secretária era o máximo que muitas mulheres podiam sonhar na Ciência. Hoje, graças ao esforço e determinação de mulheres corajosas como Jocelyn Bell Burnell, o ambiente acadêmico se tornou mais inclusivo, apesar de ainda precisar de muitas melhorias. Jocelyn enfrentou uma sociedade machista, derrubou preconceitos e revolucionou a astronomia com sua inacreditável descoberta: os pulsares.

Nascida na Irlanda do Norte em 1943, Jocelyn Bell Burnell tinha um desejo fervoroso de se tornar astrônoma desde criança. Ainda que não houvesse muitas mulheres astrônomas para se espelhar na época, ela encontrou inspiração no livro “Fronteiras da Astronomia”, de Fred Hoyle. Com consciência dos desafios que tinha pela frente, ela não se deixou desanimar, mesmo quando a sociedade e o sistema educacional tentavam limitar seu potencial por ser mulher.

Desafiando as expectativas, Jocelyn era a única mulher em sua turma de Física na universidade, enfrentando não somente o machismo, mas também a hostilidade dos seus colegas. Essa determinação a levou ao Programa de Pós-Graduação de Cambridge, onde acabaria por trabalhar ao lado de Antony Hewish na construção de um radiotelescópio para estudar os quasares.

Após dois anos de dedicação à construção do radiotelescópio, Jocelyn tomou a responsabilidade de operá-lo e analisar os dados obtidos. Foi em novembro de 1967 que ela encontrou um sinal até então desconhecido: o sinal de um pulsar. Inicialmente pensado como interferência, a persistência e inteligência de Jocelyn provaram o contrário. Isso abriu as portas para um novo projeto de pesquisa e para a descoberta de mais sinais pulsantes.

Jocelyn Bell fez uma descoberta que mudaria para sempre a forma como entendemos o universo. Pulsares, como se revelaram, são estrelas de nêutrons que giram rapidamente, emitem radiação intensa e funcionam como um farol cósmico. Infelizmente, quando chegou a hora de reconhecer o autor da descoberta, o prêmio Nobel foi para Antony Hewish, deixando Jocelyn de fora.

Apesar do claro apagamento de sua contribuição pela Academia Sueca, Jocelyn superou o desdém. Ao receber o prêmio Breakthrough em 2018 e um valor de 3 milhões de dólares, ela escolheu doar todo o montante para promover bolsas de estudo para refugiados e minorias, provando sua dedicação inabalável à ciência e à igualdade. Hoje, Jocelyn Bell Burnell é uma referência na astronomia, inspirando uma nova geração de mulheres cientistas.