Mudanças climáticas e desmatamento impulsionam dengue no Brasil

Dengue atinge níveis recordes no Brasil, impulsionada por calor, urbanização falha e degradação ambiental.

dengue

Este ano o Brasil enfrenta um alarmante aumento nos casos de dengue, atingindo níveis recordes e se espalhando para locais onde antes era raro encontrar a doença. Um recente estudo conduzido por Christovam Barcellos, do Observatório de Clima e Saúde, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz) e publicado no periódico Scientific Reports da Nature, traz luz sobre o assunto, revelando múltiplos fatores que explicam essa onda de propagação.

O Impacto das Mudanças Climáticas e Urbanização

De acordo com Barcellos, uma combinação de aquecimento global resultante das mudanças climáticas, expansão urbana não planejada e mobilidade intensa de pessoas contribui de maneira significativa para o avanço da dengue pelo país. As oscilações de temperatura, em especial as ondas de calor mais frequentes e intensas, agem como um impulsionador da proliferação do mosquito Aedes aegypti, vetor da doença. Da mesma forma, áreas urbanas mal estruturadas, que carecem de infraestrutura de saneamento adequada, oferecem ambientes ideais para a reprodução desse mosquito.

Desmatamento e Degradação Ambiental

Outro fator destacado no estudo é o impacto negativo da destruição do meio ambiente, principalmente no Cerrado, uma das regiões mais afetadas. O desmatamento, juntamente com queimadas e a transformação de floresta em pasto, deteriora o habitat natural e cria as chamadas ilhas de calor. Essas regiões mais quentes e degradadas nas periferias das cidades tornam-se focos de infestação do mosquito.

Análise Baseada em Dados

Para chegar a essas conclusões, o estudo empregou metodologias de mineração de dados que permitiram análise detalhada da interação entre variações térmicas anormais, demografia e alterações no padrão de incidência da dengue durante um período de vinte e um anos (2000 a 2020) em diferentes microrregiões do Brasil. Este método permitiu uma compreensão aprofundada do complexo cenário que favorece a expansão da doença.

Assim, os resultados desta pesquisa apontam não apenas para a necessidade de estratégias de combate ao mosquito Aedes aegypti, mas também para a importância de políticas públicas que visem a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas e um planejamento urbano mais consciente e sustentável.