Descoberta de fóssil revela origem antiga de botos no Peru

Descoberta de fóssil revela o maior boto da história, de 16,5 milhões de anos, no Peru, lançando luz sobre a evolução desses golfinhos.

boto

Os botos, esses incríveis golfinhos de água doce que se destacam por sua curiosa pele rosa, sempre chamaram a atenção por onde passam, seja nos rios amazônicos ou nas águas do Sul da Ásia. Uma recente descoberta no Peru nos leva a uma viagem ao passado, revelando segredos milenares dessas criaturas.

Um fóssil intrigante, com cerca de 16,5 milhões de anos, foi encontrado no rio Napo, em Loreto, no Peru. Batizado de Pebanista yacuruna, esse antigo morador dos rios não era um boto comum. Com seus três metros de comprimento, apresentava um porte imponente que o torna o maior já registrado entre os botos. Além disso, suas características peculiares, como um focinho longo e olhos diminutos, indicam que ele navegava as águas turvas da Amazônia quase cego, confiando na ecolocalização para se movimentar e encontrar seu caminho.

O estudo desse fóssil, publicado na revista Science Advances, nos oferece uma janela para entender melhor como os botos se adaptaram à vida em águas doces e como evoluíram ao longo das eras. Descobriu-se que o P. yacuruna estava bem adaptado a esse ambiente, com dentes grandes e uma testa desenvolvida, habilidades essenciais para sua sobrevivência e navegação.

A pesquisa também lança luz sobre a árvore genealógica dos botos. Os botos modernos que conhecemos na Amazônia descendem da linhagem Iniidae, enquanto os da Ásia, como o famoso golfinho do rio Ganges, vêm da Platanistidae. Contudo, o P. yacuruna nos traz novas pistas sobre a evolução destes últimos, sugerindo uma ligação mais próxima com os golfinhos do rio Ganges.

Uma análise filogenética sugere que estes golfinhos habitaram ecossistemas de água doce tanto na África do Sul quanto na América do Sul antes dos seus “primos” da Amazônia, os Iniidae. Isso implica que os platanistídeos, como o P. yacuruna, aventuraram-se nos rios muito antes dos botos modernos que hoje habitam a Amazônia, destacando-se pela sua antiguidade e diversidade.

Na época do P. yacuruna, acredita-se que a Amazônia era um emaranhado de pântanos e ambientes aquáticos ricos em alimentos, propícios para o desenvolvimento de espécies maiores como este antigo golfinho. Esta descoberta não só nos fascina com a riqueza da história natural da Terra, mas também reforça a importância da preservação desses ecossistemas vitais para a biodiversidade.