No último dia do trimestre, o mercado financeiro internacional vivenciou uma atmosfera de tensão, culminando com o dólar superando a marca dos R$ 5 no Brasil. Este movimento acompanhou um cenário global marcado por incertezas e ajustes, onde até a Bolsa de Valores brasileira (B3) registrou avanços, estimulada, em parte, pela valorização do petróleo no cenário internacional.
A moeda estadunidense finalizou a quinta-feira (28) cotada a R$ 5,015, evidenciando um aumento de R$ 0,037 (0,74%) em relação ao dia anterior. Apesar de uma manhã de estabilidade, a cotação ganhou impulso no período da tarde, seguindo a definição da taxa Ptax pelo Banco Central — um referencial de câmbio que influencia tanto as negociações governamentais quanto o mercado de dívida pública. Este encerramento marca a primeira vez em nove dias que o dólar ultrapassa a barreira dos R$ 5, consolidando um acréscimo mensal de 0,86% e uma valorização anual de 3,34%.
Paralelamente, o mercado acionário brasileiro fechou o dia em alta. O Ibovespa, principal índice da B3, avançou 0,33%, fechando a 128.106 pontos. O destaque ficou por conta da Petrobras, cujas ações foram as mais negociadas do dia, beneficiando-se diretamente do aumento nos preços do petróleo. As ações ordinárias da companhia ascenderam 2,46%, enquanto as preferenciais viram um crescimento de 2,22%, reflexo direto do incremento de 1,42% no barril do tipo Brent, que alcançou US$ 86. Este cenário sugere expectativas de uma oferta reduzida no mercado petrolífero nos meses vindouros.
A escalada do dólar não foi um fenômeno isolado no Brasil, mas sim uma tendência global, impulsionada por uma revisão positiva no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos referente ao último trimestre do ano anterior. Esse aquecimento econômico apresenta desafios adicionais ao Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, na gestão dos juros básicos da maior economia mundial. Christopher Waller, um dos diretores do Fed, indicou a possibilidade de uma postergação na redução dessas taxas, além de um potencial ajuste na magnitude dos cortes, baseando-se nos recentes indicadores econômicos dos EUA.
Altas taxas de juro em economias desenvolvidas tendem a atrair capitais oriundos de países emergentes, como o Brasil, para investimentos em títulos do Tesouro dos Estados Unidos, vistos como os mais seguros globalmente. Esse fluxo de capitais fortalece o dólar em escala mundial, realçando a interconexão e a sensibilidade dos mercados financeiros internacionais frente a dinâmicas econômicas e políticas centrais.