O garimpo ilegal continua a devastar a terra indígena Yanomami, deixando marcas profundas não só no ambiente, mas também na saúde da população local. A exposição ao mercúrio, um subproduto perigoso dessa atividade, está afetando gravemente os Yanomami, provocando problemas neurológicos severos.
Como o Mercúrio Afeta a Saúde Mental dos Yanomami
Na área do Alto Rio Mucajaí, em Roraima, os impactos dessa contaminação já são visíveis com casos de neuropatia periférica e redução significativa no desempenho cognitivo entre os indígenas. Esses danos neurológicos foram o foco de uma pesquisa feita pelo Departamento de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da USP e pela Fiocruz.
Gabriel Kubota, que liderou o estudo, alertou sobre a gravidade da situação. Embora os efeitos possam não parecer críticos agora, há um risco sério de incapacidade a longo prazo para uma grande parte da população afflicteda.
Entendendo a Contaminação por Metilmercúrio
A contaminação ocorre quando o mercúrio liberado no ambiente se combina com outras substâncias, entrando assim na cadeia alimentar. Os Yanomami, vivendo nessa área há mais de 40 anos, são diretamente afetados ao consumirem alimentos contaminados, agravado ainda mais pela presença contínua de garimpeiros.
Um estudo realizado quando a crise da contaminação por mercúrio intensificou-se em 2022 revelou que a situação atual é ainda mais crítica do que aquela enfrentada nos anos 1980. Pesquisador da Fiocruz, Paulo Basta, compartilhou essa observação preocupante, enfatizando a gravidade acelerada do problema.
Dados Importantes da Pesquisa
A pesquisa foi iniciada em 2022 após um pedido da Texoli Associação Ninam do Estado de Roraima, que expressou preocupações sobre os impactos na saúde de sua comunidade devido ao garimpo ilegal. Com a colaboração entre a Fiocruz e o HC, a análise abrangente avaliou não somente a contaminação por mercúrio, mas também incluiu:
- Medidas antropométricas
- Doenças transmissíveis e crônicas
- Avaliações pediátricas
- Características sociodemográficas de 300 residentes de nove aldeias.
Os resultados, disponíveis no site do Instituto Socioambiental, oferecem uma visão detalhada dos desafios enfrentados pela população Yanomami, sublinhando a urgência de medidas para combater essa crise de saúde pública.