A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) estabeleceu as primeiras diretrizes nacionais para o diagnóstico e tratamento da cardiomiopatia hipertrófica, a principal causa de morte súbita em todo o mundo. Estima-se que essa condição afete cerca de 500 mil brasileiros, porém permanece subdiagnosticada no país.
Devido à escassez de dados específicos no Brasil, os médicos têm sido forçados a recorrer às diretrizes europeias e estadunidenses. Essa lacuna motivou a SBC a elaborar suas próprias recomendações, com a colaboração de mais de 70 pesquisadores.
Sintomas e diagnóstico
O cardiologista Fabio Fernandes, do Instituto do Coração (InCor), destacou que a cardiomiopatia hipertrófica é “mais frequente do que se imagina e muito subdiagnosticada”. Já Marcelo Vieira, do Hospital Israelita Albert Einstein, ressaltou que a condição é “muito prevalente, atingindo cerca de uma em 200 ou uma em 500 pessoas, e costuma ser diagnosticada em fase avançada”.
Embora em 90% dos casos não haja sintomas, a doença pode ser facilmente detectada através de alterações suspeitas em eletrocardiogramas e exames clínicos, causando um sopro (som) característico. Exames complementares, como o ecocardiograma e a ressonância magnética do coração, podem auxiliar na confirmação do diagnóstico.
Tratamento e prevenção
Uma vez confirmada a presença da cardiomiopatia hipertrófica, o médico deve analisar as chances de morte súbita do paciente, principalmente se ele tiver menos de 40 anos, quando há maior probabilidade de ocorrência. Com base em dados como características da doença, sintomas e resposta aos medicamentos, um algoritmo desenvolvido por especialistas auxilia na conduta a ser adotada.
Os tratamentos disponíveis incluem medicamentos, cirurgia e até a implantação de desfibriladores. Além disso, testes genéticos podem ajudar a identificar familiares que possuam a doença. Fernandes explica: “É uma doença crônica, e o objetivo é controlar os sintomas e reduzir o risco de morte súbita”.
Os médicos reforçam a necessidade de avaliação médica antes de iniciar qualquer atividade física, seja ela de intensidade, ou não. Vieira ressalta ser “fundamental fazer o rastreamento familiar para saber se há casos de morte súbita na família e em que fase da vida da pessoa ela ocorreu”.