Em meio a um cenário de incertezas no Brasil e no exterior, o dólar ultrapassou a marca de R$ 5,20, atingindo o maior valor em 40 dias. A bolsa de valores também enfrentou um dia difícil, registrando sua segunda queda consecutiva e fechando no menor nível do ano.
Nesta quarta-feira (29), o dólar comercial foi vendido a R$ 5,209, com um aumento de R$ 0,037 (+1,07%). Durante todo o dia, a moeda norte-americana operou em alta, chegando ao pico de R$ 5,21 por volta das 14h. Este é o valor mais alto desde 18 de abril, quando a cotação fechou em R$ 5,25. Em maio, o dólar acumula um aumento de 0,31%, totalizando uma alta de 7,34% em 2024.
No mercado de ações, o clima também foi tenso. O índice Ibovespa, da B3, encerrou o dia com uma queda de 0,87%, atingindo 122.707 pontos, o menor nível desde 13 de novembro do ano passado. Apesar do desempenho negativo da bolsa, as ações da Petrobras registraram um pequeno aumento. Além disso, as ações de empresas varejistas brasileiras subiram significativamente após a Câmara dos Deputados aprovar uma taxação de 20% para compras de até US$ 50 em sites internacionais.
No cenário internacional, as taxas dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos dispararam para o maior nível em quatro semanas, devido à possibilidade de o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, adiar os cortes de juros para o próximo ano. Taxas mais altas nesses títulos, considerados os investimentos mais seguros do mundo, incentivam a retirada de capitais de países emergentes, pressionando tanto o dólar quanto a bolsa de valores.
No âmbito doméstico, uma notícia positiva para a economia real acabou gerando apreensão no mercado financeiro. A divulgação de um aumento na criação de postos de trabalho no primeiro quadrimestre desde 2010 e a queda da taxa de desemprego trimestral para o menor nível desde 2014 causaram tensões entre os investidores. Para muitos, o mercado de trabalho aquecido, combinado com o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, sugere que o Banco Central enfrentará maiores desafios para controlar a inflação. A perspectiva de juros altos por um período prolongado desestimula o mercado de ações, incentivando os investidores a migrarem para investimentos de renda fixa, como os títulos do Tesouro Nacional.