Karen Abreu dos Santos, viúva de Ronildo Alves dos Santos, conhecido como Magrelo, assumiu o controle das operações criminosas de seu marido após sua morte em um confronto com a Polícia Militar no Tocantins, em maio do ano passado. Magrelo era considerado um líder do Primeiro Comando da Capital (PCC) pela Polícia Federal (PF).
As investigações da PF revelaram que Karen herdou não apenas o “patrimônio ilícito” de Magrelo, mas também seu posto de liderança dentro da facção. Ela é descrita pelos investigadores como “não apenas viúva, mas também comparsa e integrante do PCC”. Desde 2018, Karen tem compartilhado fotos nas redes sociais ao lado de Magrelo, com quem teve um filho.
A transição de poder ocorreu após uma tentativa fracassada de assalto a um cofre da empresa de transporte de valores Brinks, em abril do ano passado, na cidade de Confresa, Mato Grosso. A ação, conhecida como Novo Cangaço, envolveu a tomada de controle de uma pequena cidade para realizar um grande assalto. A quadrilha não conseguiu roubar os R$ 30 milhões visados e, nas semanas seguintes, 18 suspeitos, incluindo Magrelo, foram mortos em confrontos com a polícia.
A investigação aponta que o PCC mobilizou R$ 2 milhões para a tentativa de assalto. Magrelo foi morto cerca de um mês após o crime, em uma estrada rural na região de Pium, Tocantins. A polícia encontrou com ele um fuzil calibre 762, armamento típico de guerra.
Karen Abreu dos Santos tem sido frequentemente vista em contato com membros do PCC e utiliza as redes sociais para exibir uma vida de luxo, incluindo carros e motos de alto valor, supostamente adquiridos com o dinheiro do crime. Embora seus perfis não sejam públicos, em um deles, acessível livremente, ela se apresenta como esteticista, contradizendo os registros das suas contas privadas.
O relatório da PF destaca que Karen não apenas assumiu o papel de Magrelo, mas também continua a se beneficiar do lucro das atividades criminosas deixadas por ele. A investigação também identificou movimentações financeiras suspeitas na conta de Magrelo, totalizando R$ 1,9 milhão em seis meses, antes do ataque à Brinks, valor incompatível com sua renda declarada de R$ 4.290,00 mensais. Essas transações foram realizadas por meio de laranjas, que movimentaram cerca de R$ 10 milhões em suas contas, um deles recebendo benefícios assistenciais do governo, como o Bolsa Família.