O planeta está esquentando, e os últimos 13 meses têm sido os mais quentes já registrados na história. De acordo com dados recentes, a temperatura média global subiu pelo menos 1,5°C em comparação com os tempos pré-industriais, resultando em ondas de calor mortais.
Os professores Mathew Barlow e Jeffrey Basara, especialistas em ciência climática e meteorologia na Universidade de Massachusetts Lowell, discutem essa questão em um artigo publicado no The Conversation. Segundo eles, há uma tendência clara de aquecimento global impulsionado pela atividade humana.
No Acordo de Paris, países de todo o mundo se comprometeram a trabalhar para manter o aquecimento global abaixo de 1,5°C, considerando uma média de 30 anos. Até o momento, a Terra ultrapassou esse limite em um único ano, mas os cientistas alertam que o mundo pode ultrapassar essa média de 30 anos dentro de uma década.
As recentes ondas de calor, como a que causou mais de mil mortes durante uma peregrinação na Arábia Saudita, são parte dessa tendência. Não se trata de um evento isolado: vários países nas Américas, África, Europa e Ásia têm registrado recordes de calor em 2024.
No México e na América Central, períodos prolongados de calor, combinados com seca, resultaram em escassez de água e dezenas de mortes. Nos Estados Unidos, uma onda de calor extremo afetou a maioria da população no primeiro mês do verão.
Um estudo científico sobre a intensa onda de calor no leste dos EUA em junho de 2024 concluiu que a probabilidade de um evento tão severo e duradouro é duas a quatro vezes maior devido às mudanças climáticas causadas pelo homem.
Esses recordes de calor ocorrem em um clima 1,2°C mais quente em escala global, o que, embora pareça uma mudança pequena, tem um impacto significativo. Para se ter uma ideia, no auge da última era glacial, há cerca de 20 mil anos, a temperatura média global era aproximadamente 6°C mais fria do que agora. Portanto, um aumento de pouco mais de 1°C é motivo de preocupação.
O verão de 2024 pode ser um dos mais quentes já registrados e também um dos mais frios em comparação com os verões futuros. No entanto, há um lado positivo: muitos países estão caminhando para atingir as metas do Acordo de Paris, especialmente com a queda nos custos da energia renovável e o aumento dos incentivos para reduzir as emissões de gases poluentes.
Nos EUA, a Lei de Redução da Inflação de 2022 pode reduzir as emissões em quase metade até 2035. “Há muito que a humanidade pode fazer para limitar o aquecimento futuro se países, empresas e pessoas ao redor do mundo agirem com urgência”, concluem os professores.