Os brasileiros agora têm uma nova ferramenta para avaliar as condições de vida em seus municípios: o Índice de Progresso Social (IPS). Criado em Harvard, EUA, este índice foi aplicado pela primeira vez no Brasil, analisando mais de 50 indicadores sociais e ambientais para atribuir uma nota média a cada cidade e estado. A Bahia, infelizmente, figura entre os dez piores estados em termos de progresso social.
No Nordeste, a Bahia supera apenas Alagoas e Maranhão. A pesquisa, que dividiu os aspectos analisados em 12 grupos principais, visa medir os resultados dos investimentos sociais. Os piores desempenhos do estado foram em acesso à educação superior (33,99), direitos individuais (35,67) e segurança pessoal (42,2), em uma escala onde a nota máxima é 100.
Esses baixos índices resultaram em uma média de 57,85 para a Bahia, abaixo da média nacional de 61,83. Isso coloca o estado na 19ª posição no ranking geral. No quesito educação, o IPS considerou quatro aspectos principais: empregados com ensino superior, mulheres empregadas com ensino superior e nota média no Enem. Segundo Beto Veríssimo, coordenador do IPS Brasil, o desempenho da Bahia foi surpreendentemente baixo, especialmente quando comparado a estados como Ceará e Pernambuco.
“A Bahia tem muito a melhorar em educação. Ficamos surpresos com notas tão críticas, pois, considerando a condição de renda do estado, a expectativa era de um desempenho melhor”, afirmou Veríssimo. Os estados vizinhos citados tiveram notas ligeiramente melhores, mas ainda críticas.
Em resposta, a Secretaria de Educação da Bahia (SEC) destacou que o governo estadual prioriza a educação, oferecendo diversos incentivos como o plano “Tô com você no Enem” e o programa Mais Futuro, que visa apoiar estudantes de graduação nas universidades públicas estaduais. Apesar desses esforços, o Mapa do Ensino Superior do Brasil revelou que a Bahia possui a segunda pior taxa de jovens de 18 a 24 anos matriculados no ensino superior, apenas 13,3%.
Eniel do Espírito Santo, professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), apontou que as desigualdades sociais dificultam a implementação de políticas de inclusão. “Muitos jovens dessa faixa etária precisam trabalhar e, por isso, não conseguem ingressar no ensino superior”, explicou.
O IPS elaborou um mapa colorido do país com base nas notas das 5.568 cidades brasileiras, destacando as disparidades regionais. Enquanto estados do Sul e Sudeste apresentam predominância de notas altas, representadas em azul, o Nordeste mostra uma predominância de amarelo, indicando notas médias. No Norte, prevalece o vermelho, sinalizando notas baixas. No Centro-Oeste, há uma maior diversidade de notas.
Entre as capitais, Salvador ocupa a 20ª posição, atrás de Aracaju (SE) e Teresina (PI), mas com uma nota de 63,8, superior à média nacional. Os melhores desempenhos de Salvador foram em água e saneamento (86,16) e moradia (85,35), enquanto a segurança pública, com nota 39,84, permanece um desafio significativo.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP) não respondeu às perguntas sobre ações de combate à violência. O estado teve a pior nota do país em segurança pessoal, com uma média de 42,2, muito abaixo da média nacional de 58,27. O professor Horacio Nelson Hastenreiter, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), destacou a interconexão entre segurança e bem-estar social, enfatizando que a insegurança prejudica o acesso à educação e à saúde.
Segundo o Atlas da Violência 2024, as cinco cidades brasileiras com as maiores taxas de homicídios por 100 mil habitantes estão na Bahia, ilustrando o desafio da segurança pública no estado. Mesmo assim, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) comemorou melhorias recentes, destacando dados comparativos positivos em eventos públicos.