O crescente uso de creatina promovido por influenciadores fitness em redes sociais tem despertado preocupação entre especialistas e autoridades de saúde. Esses influenciadores, muitas vezes sem formação adequada, fazem promessas de benefícios como melhor desempenho físico, aumento de massa muscular, redução da ansiedade e até tratamento da depressão, embora grande parte desses efeitos careça de comprovação científica robusta.
Conforme especialistas em nutrição consultados pela Folha de S. Paulo, a creatina pode, de fato, trazer benefícios para a prática esportiva. No entanto, eles alertam sobre os riscos do uso indiscriminado sem orientação médica ou nutricional. Gustavo Pimentel, da Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (Sban), ressalta que indivíduos com diabetes, problemas renais, usuários de drogas e anabolizantes podem enfrentar sérias consequências adversas, como problemas gastrointestinais e piora na função renal, ao utilizarem creatina.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece que a ingestão diária de creatina não deve ultrapassar três gramas e adverte contra o uso por crianças, gestantes, idosos e pessoas com doenças crônicas, medidas que visam proteger a saúde pública.
Bruno Gualano, professor da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza a necessidade de uma abordagem individualizada na suplementação de creatina. Ele recomenda seu uso principalmente para atividades de alta intensidade e curta duração, como atletismo e musculação, sempre com acompanhamento profissional para avaliar a real necessidade e os potenciais benefícios.
A Anvisa reforça que a divulgação de informações não autorizadas sobre o uso excessivo de creatina configura uma infração sanitária e incentiva a população a denunciar práticas publicitárias enganosas relacionadas ao suplemento.