Cientistas descobrem supercondutividade em temperaturas surpreendentemente altas

Cientistas da Universidade de Stanford descobriram supercondutividade em temperaturas de até 140 Kelvin, desafiando limites tradicionais do fenômeno.

Um material supercondutor foi visto operando em temperaturas antes consideradas impossíveis. Crédito: Igor Krasilov - Shutterstock

Recentemente, uma equipe de cientistas da Universidade de Stanford anunciou uma descoberta que pode revolucionar o entendimento sobre a supercondutividade. Tradicionalmente, esse fenômeno, caracterizado pela movimentação dos elétrons através de materiais sem resistência, ocorre apenas em temperaturas extremamente baixas ou sob pressão elevada. No entanto, os pesquisadores observaram pela primeira vez comportamentos que indicam supercondutividade em temperaturas significativamente mais altas do que o esperado.

Em um estudo publicado na revista Science, os cientistas investigaram um material composto por óxido de cobre de neodímio cério (Nd2−xCexCuO4), um tipo de cuprato. Este cristal, em condições de baixa temperatura, exibe propriedades supercondutoras, mas sua resistência aumenta com o aumento da temperatura. O que surpreendeu os pesquisadores foi a formação de pares de elétrons, conhecidos como pares de Cooper, mesmo em temperaturas notavelmente elevadas.

Esse emparelhamento é crucial para a supercondutividade, pois permite que os elétrons fluam sem resistência. Em supercondutores tradicionais, esse emparelhamento é favorecido por vibrações estruturais do material. Contudo, nos cupratos, que podem conduzir eletricidade sem resistência até 130 Kelvin (-143,15 °C), um mecanismo diferente pode estar em ação.

Durante os experimentos, a equipe constatou que o material poderia reter energia em temperaturas de até 140 Kelvin (-133 °C), um valor muito superior à temperatura de transição usual de 25 Kelvin (-248 °C). Isso sugere que o emparelhamento dos elétrons ocorre em um intervalo de temperatura mais amplo, implicando que a supercondutividade em temperaturas mais elevadas é possível.

Embora os cientistas ainda precisem desvendar os fatores que induzem esse emparelhamento em altas temperaturas, os resultados obtidos abrem novas possibilidades para a pesquisa e desenvolvimento de supercondutores que operem em condições mais acessíveis. A realização de supercondutividade em temperatura ambiente poderia transformar a tecnologia, aumentando a eficiência e reduzindo custos. Cada avanço nesse campo representa um passo significativo em direção a soluções energéticas inovadoras.