Procariontes podem dominar os oceanos devido às mudanças climáticas, alerta estudo

Procariontes, que compõem 30% da vida marinha, podem dominar os oceanos devido às mudanças climáticas, afetando peixes e a absorção de carbono.

Procariontes (Imagem: Shutterstock)

Procariontes, organismos microscópicos que representam aproximadamente 30% da vida nos oceanos, podem se tornar predominantes devido às mudanças climáticas, conforme revela um estudo divulgado na revista Nature. Essas criaturas, que frequentemente passam despercebidas, desempenham um papel crucial no equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

A pesquisa aponta que os procariontes demonstram uma notável resistência às alterações climáticas, contrastando com a vulnerabilidade de outras formas de vida, incluindo os seres humanos. Observações indicam que a população de procariontes nos oceanos está em crescimento, o que pode resultar na redução da biomassa de peixes e na diminuição da fotossíntese realizada por fitoplânctons, essenciais para a absorção de carbono.

Os dados do estudo indicam que, para cada grau de aumento na temperatura dos oceanos, a biomassa de procariontes diminui em cerca de 1,5%. Embora essa redução seja significativa, é inferior àquela projetada para outras espécies marinhas, como os fitoplânctons, cuja biomassa pode reduzir entre 3% e 5%. O crescimento da biomassa de procariontes pode comprometer ainda mais a capacidade dos oceanos de absorver carbono, uma consequência que acarreta desafios adicionais.

As previsões atuais sugerem que, se não forem adotadas medidas mitigadoras, os oceanos podem aquecer entre 1°C e 3°C até o final do século. Essa elevação de temperatura pode não apenas aumentar a proporção de procariontes, mas também resultar em sérias implicações para a disponibilidade de peixes, sendo um fator crítico para a subsistência de várias civilizações.

Os pesquisadores ressaltam que as análises foram realizadas com base em cenários atuais, enfatizando que as complexas interações do ecossistema marinho em resposta às mudanças climáticas ainda são difíceis de prever.