Quatro adolescentes foram identificadas como vítimas do padre Paulo Araújo da Silva, de 31 anos, que foi preso no último domingo (18) em Coari, como parte de uma operação contra pedofilia. Segundo o delegado José Barradas, titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de Coari, mais de 260 mídias contendo vídeos de atos sexuais entre o sacerdote e as jovens foram encontradas.
As investigações começaram após a polícia receber, anonimamente, vídeos que denunciavam os crimes de estupro de vulnerável cometidos pelo padre, incluindo um caso específico envolvendo uma jovem de 17 anos. “Ela foi abusada pelo padre desde os 14 anos, e, no ano passado, acabou engravidando. Ele a forçou a tomar um medicamento abortivo, o que configura outro crime”, afirmou o delegado. Francisco Reiner, amigo do padre, foi quem obteve e entregou o remédio à jovem, e atualmente está sendo procurado pelas autoridades.
De acordo com o delegado Barradas, a jovem expeliu o feto após ingerir o medicamento, e o feto foi enterrado na casa de Francisco, sem o conhecimento de outros, conforme relatado pela vítima e corroborado por fotos obtidas durante a investigação. As vítimas relataram que, quando tentavam se afastar do padre, ele as ameaçava, dizendo que elas pertenciam a ele e que não poderiam ficar com mais ninguém. “Com a prisão dele, é possível que o número de vítimas aumente”, afirmou o delegado.
A prisão ocorreu na própria paróquia onde o padre atuava. No momento da detenção, o padre estava na cama com uma jovem que havia completado 18 anos recentemente, outra de suas vítimas. Além disso, foram apreendidos R$ 30 mil em espécie e mais de 260 vídeos envolvendo menores de idade. O celular do padre, onde ele armazenava os vídeos, e seu notebook foram apreendidos para perícia. “Toda vez que ele tinha relações sexuais, ele gravava e guardava as imagens”, explicou o delegado Barradas.
O delegado-adjunto da Polícia Civil, Guilherme Torres, destacou durante a coletiva de imprensa que o crime foi um caso isolado e não deve ser generalizado para a religião como um todo. “A Igreja Católica colaborou significativamente durante as investigações, mantendo o sigilo necessário para que o padre não desconfiasse e tentasse fugir. Agradecemos a ajuda”, finalizou Torres.