A Igreja Católica Apostólica Romana está prestes a concluir a fase arquidiocesana do processo de beatificação da serva de Deus Vitória da Encarnação, nascida em Salvador, Bahia. A cerimônia de encerramento acontecerá na próxima quarta-feira (25), no Convento do Desterro, local onde a religiosa viveu e morreu com fama de santidade. Vitória da Encarnação poderá se tornar a próxima santa brasileira.
O processo, que teve início em novembro de 2019 e foi retomado em abril de 2023, está agora pronto para ser enviado à Santa Sé. A fase arquidiocesana, que recolhe relatos de milagres e graças alcançadas por sua intercessão, será finalizada com uma sessão solene presidida pelo Cardeal Dom Sergio da Rocha, Arcebispo de Salvador, e pelo frei Jociel Gomes, postulador da causa. A comissão responsável pelo processo inclui o delegado episcopal cônego Alberto Montealegre, o promotor de Justiça padre Laudimar Oliveira da Silva e os notários Dom Sebastião Rolim e Irmã Violeta.
Com o término dessa etapa, a documentação será enviada ao Dicastério para a Causa dos Santos, no Vaticano, onde será analisada para determinar a continuação do processo de beatificação e, eventualmente, de canonização.
A vida de Vitória da Encarnação
Nascida em 6 de março de 1661, Vitória da Encarnação foi batizada na antiga Sé da Bahia e ingressou na vida religiosa aos 25 anos. Antes disso, ela havia resistido à ideia de se consagrar, preferindo inicialmente a vida secular. No entanto, após frequentes sonhos místicos com a Mãe de Deus e o Menino Jesus, ela decidiu seguir o chamado divino e entrou para o Convento do Desterro no dia 29 de setembro de 1686, junto com sua irmã, Maria da Conceição. A partir de então, adotou o nome religioso de Vitória da Encarnação e fez sua profissão solene no ano seguinte.
Vitória era conhecida por sua profunda humildade e caridade. Desapegada das vaidades do mundo, decidiu viver como uma serva, igualando-se às escravas que viviam no convento. Realizava as tarefas mais simples e trabalhosas e cuidava das doentes, trazendo-as para sua cela até que fossem completamente curadas. Dedicada aos pobres e necessitados, oferecia-lhes toda a ajuda possível, inclusive doando tudo o que possuía.
Dotada de dons místicos, como o dom da revelação e da profecia, Vitória tinha visões frequentes sobre os sofrimentos de Cristo e castigava-se com jejuns e disciplinas rigorosas. Sua devoção às almas do purgatório era notável, sendo descrita por suas contemporâneas como uma verdadeira tocha de oração. Vitória faleceu em 19 de julho de 1715, e, no momento de sua morte, as religiosas do convento relataram sentir uma fragrância de rosas. Logo, a cidade de Salvador passou a chamá-la de “santa da Bahia”.
Conclusão da fase arquidiocesana
O processo de beatificação da madre foi autorizado em 7 de julho de 2019 pela Congregação para a Causa dos Santos. Após a cerimônia de abertura realizada em novembro do mesmo ano, com o então arcebispo Dom Murilo Krieger, os relatos de milagres e virtudes da madre foram examinados. Com a conclusão da fase arquidiocesana, o próximo passo será a análise dos testemunhos e da vida de Vitória da Encarnação no Vaticano.