Mortes dos irmãos em Arembepe: polícia identifica suspeitos

Polícia identifica suspeitos das mortes dos irmãos Natividade em Arembepe; operações estão em andamento.

Crédito: Reprodução

Os suspeitos de envolvimento nas mortes dos irmãos Gustavo e Daniel Natividade dos Santos, ocorridas na última segunda-feira (7) no Emissário de Arembepe, já foram identificados pelas autoridades. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as Polícias Civil e Militar estão conduzindo operações na Região Metropolitana de Salvador (RMS) para capturar os responsáveis pelo crime.

A SSP informou que a identificação dos suspeitos foi possível com o apoio de imagens de câmeras de segurança instaladas na região e através de depoimentos de testemunhas. As autoridades seguem realizando incursões para localizar os traficantes envolvidos no ataque armado. O órgão também solicita a ajuda da população, que pode fornecer informações anônimas sobre os criminosos por meio do Disque Denúncia, no telefone 181. A ligação é gratuita, e o sigilo é garantido.

As vítimas, Daniel Natividade, de 24 anos, e Gustavo Natividade, de 15 anos, eram membros do Bloco Afro Malê Debalê, um dos grupos culturais mais tradicionais da Bahia, com sede no bairro de Itapuã, em Salvador. Ambos eram músicos atuantes no bloco e participavam da banda de transição, segundo o presidente do grupo, Cláudio Araújo.

“Estou mal. Estamos [integrantes do bloco] realmente acabados. Eram meninos da nossa comunidade, nascidos aqui. Começaram no nosso grupo infantil, eram jovens solícitos e que jamais se envolveram com crime ou coisa ruim. A única coisa que eles faziam era fomentar a cultura por aqui”, lamentou Cláudio.

Os irmãos haviam saído de Itapuã para passar o dia em Arembepe, uma área turística pertencente ao município de Camaçari, acompanhados de outros integrantes do bloco e pessoas ligadas à promoção da cultura na comunidade de Itapuã. O ataque ocorreu no final da tarde, por volta das 18h30, quando o grupo se preparava para deixar o local. Segundo testemunhas, o cenário foi de terror, com as vítimas sendo perseguidas pelos autores dos disparos.

“O problema começou na parte de baixo, onde os ônibus do povo que vem fazer passeio aqui fica. Quando a gente começou a ouvir os tiros, vimos a correria. Um caiu no meio da estrada, foi socorrido, mas morreu no hospital. O adolescente morreu aqui mesmo”, relatou uma testemunha, que preferiu não se identificar por medo de represálias.

As primeiras informações indicam que o ataque pode ter sido motivado por uma foto em que os jovens apareceram fazendo sinais que são comumente associados a facções criminosas. A SSP, no entanto, não confirmou oficialmente essa hipótese, e as investigações seguem em andamento para esclarecer as circunstâncias do crime.

O local onde o ataque aconteceu, o Emissário de Arembepe, é conhecido por atrair grupos que vêm de Salvador para passar o dia na praia e no Rio Capivara, que corta a região. A polícia reforçou a presença na área após o crime, na tentativa de prevenir novos episódios de violência.

As mortes de Gustavo e Daniel geraram comoção na comunidade de Itapuã, especialmente entre os integrantes do Bloco Malê Debalê, onde os dois jovens eram figuras atuantes na promoção da cultura afro-brasileira. O bloco, fundado em 1979, tem uma longa trajetória de resgate e preservação das tradições culturais e étnicas africanas no Brasil, desempenhando um papel importante na educação e formação de jovens da comunidade.

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