Cientistas desenvolvem atlas celular da doença de Alzheimer

Um novo atlas celular mapeia a progressão do Alzheimer, identificando neurônios afetados ao longo do tempo.

Imagem: Orawan Pattarawimonchai/Shutterstock

Pesquisadores do Allen Institute for Brain Science, da University of Washington e do Washington Health Research Institute, conseguiram criar um atlas celular de alta resolução que enfoca a progressão da doença de Alzheimer. Este estudo é pioneiro ao identificar neurônios específicos que são progressivamente danificados ao longo do tempo.

O atlas revela alvos de tratamento inovadores ao destacar células vulneráveis afetadas pela doença. Diferentemente das pesquisas anteriores que concentraram esforços em eliminar as proteínas tóxicas tau e amiloides, esta nova investigação direciona a atenção para os tipos celulares específicos que são afetados.

Com uma análise abrangente de mais de 3,4 milhões de células coletadas de 84 doadores em variados estágios da enfermidade, os cientistas utilizaram tecnologias avançadas para mapear tanto a atividade gênica quanto a estrutura celular de uma região do córtex, conhecida como giro temporal médio (MTG), fundamental para funções como linguagem e memória.

O estudo revela duas fases distintas da enfermidade: uma inicial, caracterizada por modificações inflamatórias em células de suporte e pela perda de neurônios inibitórios que expressam somatostatina, e uma fase avançada com perda neuronal mais ampla.

A evidência sugere que a perda de neurônios pode provocar um efeito dominó que desequilibra a relação entre excitação e inibição, levando ao declínio das funções cognitivas. Os investigadores concluem que os tratamentos devem focar em proteger os tipos celulares vulneráveis, além de combater as proteínas patológicas.

O objetivo final é desenvolver estratégias que não apenas eliminem as proteínas deletérias, mas também preservem as células afetadas, potencialmente prevenindo a progressão da doença.

Os dados produzidos no decorrer do estudo foram disponibilizados ao público, promovendo a colaboração na pesquisa sobre Alzheimer. Os resultados foram publicados na Nature Neuroscience.