Ulisses Gabriel da Silva, de 8 anos, morreu no domingo (10) após dois meses internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), vítima de envenenamento. Ele e seu irmão mais novo, João Miguel da Silva, de 7 anos, ingeriram cajus supostamente envenenados pela vizinha, Lucélia Maria da Conceição Silva, de 52 anos. O caso ocorreu em 23 de agosto em Parnaíba, litoral do Piauí, onde ambos foram hospitalizados em estado grave.
Segundo a Polícia Civil, Lucélia teria oferecido às crianças um saco de cajus contendo terbufós, uma substância altamente tóxica usada como pesticida e nematicida, similar ao “chumbinho”, mas ainda mais prejudicial. O irmão caçula, João Miguel, morreu cinco dias após a ingestão, enquanto Ulisses lutou por sua vida até falecer devido às complicações e sequelas cerebrais severas causadas pelo veneno. A mãe das crianças, Francisca Maria da Silva, relatou que Ulisses apresentou rigidez na coluna e limitação de movimentos antes de falecer, apesar de manter algumas reações visuais.
Lucélia Maria foi presa em flagrante no mesmo dia e teve sua prisão convertida em preventiva. De acordo com as investigações, ela já possuía histórico de conflitos com vizinhos e relatos de envenenamento de animais na região. A suspeita agora responde por dois homicídios qualificados com as seguintes agravantes: motivo fútil, uso de veneno, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas e a idade das crianças, ambas com menos de 14 anos.
A perícia realizada pelo Instituto Médico Legal (IML) confirmou a presença de terbufós nos cajus consumidos pelos irmãos. A Polícia Civil encontrou ainda substâncias suspeitas na residência da indiciada, incluindo invólucros de um veneno que poderia ser estricnina, comumente conhecida como “chumbinho”. Lucélia afirmou que a substância era usada para matar ratos, mas permanece detida na Penitenciária Mista de Parnaíba enquanto a investigação prossegue.