SUS enfrenta custo de R$ 28 bilhões devido ao consumo de ultraprocessados e álcool

A pesquisa indica que o consumo de ultraprocessados e álcool gera custos de R$ 28 bilhões ao SUS, impactando a saúde pública no Brasil.

Foto: Reprodução / Receita Federal

Uma análise da Fiocruz, realizada com o apoio das ONGs ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, aponta que o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas resulta em um custo anual de R$ 28 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo informações da Agência Brasil, os gastos diretos relacionados ao consumo de ultraprocessados somam R$ 933,5 milhões, enquanto os custos indiretos, que englobam doenças e mortes prematuras, alcançam R$ 10,4 bilhões.

O impacto financeiro do consumo de álcool no SUS é ainda mais alto, totalizando R$ 18,8 bilhões por ano. Esses números não refletem atendimentos na rede privada nem despesas relacionadas a outros riscos à saúde. Os custos abrangem tanto tratamentos diretos quanto perdas econômicas associadas a mortes precoces.

A pesquisa estima que cerca de 160 mil mortes anuais no Brasil estão ligadas a esses hábitos, com as doenças mais frequentes sendo hipertensão, diabetes, obesidade, além de condições mais graves como demências e cânceres. O aumento no consumo de alimentos ultraprocessados e álcool tem gerado um crescimento na prevalência dessas doenças, prejudicando a qualidade de vida e a produtividade da população.

Para enfrentar esse problema, as ONGs propõem a criação de impostos seletivos sobre esses produtos, o que poderia não apenas arrecadar recursos para o SUS, mas também reduzir o consumo e as taxas de doenças associadas. Marília Albiero, da ACT Promoção da Saúde, ressalta que “esses impostos têm o potencial de financiar o tratamento de doenças e incentivar escolhas mais saudáveis, o que pode resultar em redução de custos e maior produtividade”.

A pesquisa também revelou um apoio significativo do público para essa medida, com 62% dos brasileiros a favor do aumento de impostos sobre bebidas alcoólicas e 61% sobre ultraprocessados. Além disso, 77% acreditam que o governo deve atuar para minimizar os danos relacionados ao álcool. Especialistas alertam que as estimativas são conservadoras, pois consideram apenas a população adulta empregada e não incluem custos de prevenção ou atendimentos fora do SUS. Contudo, as pesquisas indicam que uma combinação de estratégias, como a taxação, pode diminuir o número de mortes e melhorar a qualidade de vida, contribuindo para um sistema de saúde mais sustentável.