Samba de São Lázaro: a luta pela sobrevivência cultural em Salvador
A história do Samba de São Lázaro é mais do que uma simples narrativa musical. Representa a resistência de um movimento cultural que resiste para não desaparecer das ruas de Salvador. Desde novembro de 2024, o tradicional encontro sofreu mudanças drásticas após denúncias de moradores sobre o volume do som, reduzindo o horário de madrugada para apenas duas horas de duração.
O impacto dessas alterações vai muito além da música. Cerca de 45 famílias que dependiam economicamente do evento viram sua principal fonte de renda desaparecer. Jane Santos, uma das organizadoras, destaca o drama: “O samba tirou a renda, tirou o lazer do público, prejudicou pais de família e pessoas que vivem de aluguel”.
Tentativas de retomada
Após negociações com o vereador Duda Sanches, o Samba de São Lázaro tentou voltar em novo formato. As edições experimentais, no entanto, enfrentaram obstáculos constantes. Fiscalizações rigorosas e limitações de horário esvaziaram o público e desanimaram os organizadores.
Na contramão do desânimo, surge uma luz de esperança. O bar Recanto da Dilma decidiu manter viva a chama do samba, oferecendo entrada gratuita no Samba Criolo Show. A estratégia busca reconectar a comunidade com sua própria expressão cultural.
Música como resistência
Como dizia o samba de Alcione, “não deixe o samba morrer”. E é exatamente essa a determinação de Jane e sua equipe. Para ela, o Samba de São Lázaro representa mais que um evento: é um movimento cultural essencial para Salvador, um espaço de encontro, música e sobrevivência.
A luta continua, e a esperança permanece viva. Cada nota, cada ritmo, cada sambista representa a resistência de uma tradição que se recusa a ser silenciada. Salvador aguarda, expectante, o retorno completo dessa importante manifestação cultural.