A sala de cirurgia está preparada. Os médicos aguardam. E Jair Bolsonaro enfrenta hoje o que seus médicos classificam como “o pior quadro clínico” desde a facada sofrida em 2018. O ex-presidente, de 70 anos, será submetido a um procedimento “bem extenso” para desobstruir seu intestino no Hospital DF Star, em Brasília, após ser transferido de Natal na noite de sábado.
“É uma cirurgia aberta, que vai corrigir essa parte da obstrução das alças intestinais. Vai tirar a tela que ele tem, recolocar, então vai ser feita a desobstrução. É uma cirurgia bem extensa”, explicou Leandro Echenique, integrante da equipe médica, ao jornal O Globo.
O desafio cirúrgico é agravado pelo histórico médico do ex-presidente. “É um abdome que já foi muito manipulado desde 2018, quando ocorreu a facada”, acrescentou Echenique. Desde o atentado em Juiz de Fora, durante a campanha eleitoral, Bolsonaro já passou por cinco cirurgias abdominais, tornando cada nova intervenção mais complexa.
A crise atual começou na sexta-feira (11), quando Bolsonaro sentiu “dores insuportáveis” durante compromissos políticos em Santa Cruz, no interior do Rio Grande do Norte. Inicialmente levado a um hospital local, foi transferido de helicóptero para o Hospital Rio Grande, em Natal, onde permaneceu até sábado.
Segundo Rogerio Marinho, senador do partido de Bolsonaro, embora o quadro tenha estabilizado, “uma cirurgia é necessária para resolver a crise”. O próprio ex-presidente compartilhou nas redes sociais que seu médico pessoal, Cláudio Birolini, considerou este “o pior quadro clínico desde o atentado”.
“Após vivenciar tantos episódios semelhantes nos últimos anos, me acostumei com a dor. Mas desta vez, até os médicos ficaram surpresos”, escreveu Bolsonaro em sua conta no X. A declaração reforça a gravidade do quadro atual.
O médico Antonio Macedo confirmou à Reuters que os exames indicaram a necessidade de nova intervenção cirúrgica. Durante a manhã de sábado, Birolini havia descartado uma “intervenção cirúrgica de urgência e emergência”, mas ressaltou que as obstruções intestinais permaneciam e que uma operação dependeria da evolução clínica nos dias seguintes.
O ex-presidente chegou à capital federal por volta das 22h de sábado e foi imediatamente levado de ambulância para o Hospital DF Star, na Asa Sul de Brasília. A transferência permitiu que Bolsonaro fosse tratado pela equipe médica que “o acompanha há anos”, conforme explicou Marinho.
De acordo com os médicos, o quadro de suboclusão intestinal é comum em pacientes que passaram por múltiplas cirurgias, como é o caso de Bolsonaro. No entanto, a internação atual revelou uma condição “um pouco mais exuberante que as anteriores”.
O episódio ocorre duas semanas após a decisão da Suprema Corte brasileira de levar Bolsonaro a julgamento por supostas acusações de tentativa de golpe após sua derrota nas eleições de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-presidente, que está impedido de concorrer a cargos públicos até 2030, nega as acusações.