O silêncio do apartamento foi quebrado por gritos. Sangue no chão, câmeras registrando tudo. Em poucos minutos, o nome de João Neto, advogado criminalista e influenciador digital com mais de 2 milhões de seguidores, estava no centro de um caso que mobilizou a polícia e ganhou repercussão nacional.
Na noite de segunda-feira (14), João Neto, de 47 anos, foi preso em flagrante em Maceió, Alagoas, acusado de agredir sua companheira, Andreina Bernardo dos Santos, de 25 anos. O episódio aconteceu no apartamento do casal, no bairro da Jatiúca, e, segundo relatos, teria ocorrido na presença de funcionários que prestavam serviço no local.
De acordo com o depoimento da vítima, o desentendimento começou após Andreina permanecer no quarto assistindo televisão enquanto João auxiliava os prestadores de serviço de internet. Irritado, ele teria tentado expulsá-la do imóvel, retirando-a da cama à força. Diante da recusa, Andreina foi empurrada, caiu e bateu o queixo no chão, sofrendo um corte profundo que exigiu três pontos no hospital.
Imagens de câmeras de segurança do prédio mostram Andreina saindo do apartamento com o rosto ensanguentado. João Neto aparece logo atrás, pressionando um pano contra o ferimento da companheira. O vídeo ainda registra o momento em que ele pede a um funcionário que limpe o sangue do hall e entregue os pertences da vítima.
Após o ocorrido, Andreina foi levada a um hospital particular e, em seguida, à delegacia, onde formalizou a denúncia. Ela relatou que não foi a primeira vez que sofreu agressões do companheiro — pelo menos outras duas situações semelhantes teriam ocorrido, uma delas também resultando em atendimento médico.
A prisão de João Neto foi realizada por equipes da Operação Policial Litorânea Integrada (Oplit) e do 1º Batalhão da Polícia Militar de Alagoas. Ele foi localizado nas proximidades do hospital onde Andreina recebeu atendimento, circulando de motocicleta com outra pessoa na garupa. Ao ser abordado, apresentou a carteira da OAB, mas foi conduzido à Central de Flagrantes para os procedimentos legais.
Na manhã desta terça-feira (15), a Justiça converteu a prisão em flagrante de João Neto em prisão preventiva. O juiz Rodolfo Osorio Gatto Herrmann destacou a gravidade do crime e a necessidade de garantir a ordem pública, negando pedidos da defesa por liberdade ou medidas cautelares alternativas.
A defesa do advogado, em nota oficial, afirmou estar ciente das acusações e das imagens que circulam nas redes sociais, mas declarou que só irá se manifestar durante a audiência de custódia. João Neto, por sua vez, negou as agressões e disse que apresentará imagens do sistema de monitoramento do apartamento para comprovar sua versão dos fatos.
A Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM) instaurou inquérito para apurar todos os detalhes do caso. João Neto permanece sob custódia da Polícia Civil, à disposição da Justiça, e deve responder por violência doméstica e lesão corporal.