O silêncio tomou conta da sede dos Cangaceiros de Paulo Afonso. Na manhã desta quarta-feira, 16 de abril de 2025, uma notícia correu pelas ruas da cidade: Sebastião Carlos Cordeiro, o querido “Bastião do Flamengo”, partiu aos 80 anos, deixando um vazio difícil de preencher. Quem era esse homem que, com um sorriso fácil e histórias inesquecíveis, se tornou lenda viva do sertão?
Bastião nasceu em 14 de fevereiro de 1945 e, desde cedo, se envolveu com as tradições que moldaram a identidade de Paulo Afonso. Conhecido também como “Cangaceiro Meia Noite”, ele foi um dos pilares da Associação dos Cangaceiros e Volantes de Paulo Afonso, grupo fundado em 1956 por operários da CHESF apaixonados pela cultura nordestina. Era mais do que personagem: era memória viva, contador de causos, símbolo de resistência cultural.
A Associação dos Cangaceiros, com cerca de 60 integrantes, mantém viva a tradição do cangaço através de festas, desfiles e encenações que atraem moradores e visitantes, especialmente durante o carnaval. Bastião, sempre à frente, vestia o chapéu de couro, empunhava o punhal de madeira e conduzia o grupo pelas ruas, relembrando a saga de Lampião e Maria Bonita. Sua presença era sinônimo de alegria e respeito às raízes sertanejas.
O velório acontece na Rua General Dutra, nº 528, sede dos Cangaceiros. O sepultamento está marcado para as 16h, no Cemitério Padre Lourenço. Em nota oficial, a presidente da Associação, Carla Vanessa de Melo, destacou: “Perdemos um dos nossos grandes nomes. Meia Noite era uma memória viva, um contador de histórias e símbolo de resistência cultural. Que a família encontre conforto e forças para superar essa dor”.
A despedida de Bastião não é apenas o adeus a um homem, mas a reverência a uma trajetória que ajudou a manter acesa a chama das tradições do sertão. A Associação dos Cangaceiros, fundada há quase 70 anos, segue como referência cultural em Paulo Afonso, levando adiante o legado de personagens como Bastião, que fizeram do cangaço não só história, mas parte do cotidiano da cidade.